Participar para evoluir!, por Leopoldina Xavier

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Leopoldina Xavier

Trata-se da aplicação da educação política para a lei do progresso coletivo e não simplesmente se limitar à educação pelo progresso individual, haja vista que um depende do outro. A sociedade, quanto mais desenvolvida, mais eleva o homem na evolução espiritual, quer no campo social, quer no campo humano.

“Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente”.
León Denis (“O problema do ser, do destino e da dor”).

Há um corolário, nos espíritas brasileiros, de que qualquer mudança social se dará pela transformação interior do indivíduo, como concebeu a teoria individualista. Em razão dessa teoria, os espíritas brasileiros sempre foram avessos à discussão e participação na política, o individualismo reduziu a zero a teoria coletiva na lei do progresso.

Mas, teria sido o Professor Rivail defensor exclusivamente da teoria individualista? Ele viveu a ebulição do pensamento iluminista e do socialismo utópico na França; essa influência filosófica o levou, em “O livro dos Espíritos”, ao tema da lei do progresso, das leis naturais e da lei dos homens como bens para a evolução do espírito. Tratou ele dos temas sociais e morais com precisão.

Assim, por que os espíritas brasileiros ficaram tão só na teoria individualista para evolução do homem? A história dos espíritas brasileiros teve, por primeiro, a perseguição da Igreja Católica, a quem o Estado se subordinava; sua constituição de deu na sua maioria por homens brancos, de classe média a alta, com um grau de formação intelectual mais elevada, mas não menos rançosa aos temas sociais e coletivos. Esse caldo cultural colocou o espiritismo brasileiro atrelado aos dogmas da Igreja Católica, em que pese a perseguição, a rituais pré-estabelecidos para o culto, o colocou distante da política nas casas espíritas para os espíritas, mas não para o conjunto de sua obra, haja vista que em razão do assistencialismo convive com o Estado de um modo geral, houve explicitamente na política a intervenção na questão do aborto e da pena de morte, assim, se adotou a máxima do Estado laico, separação do Estado da religião como um dogma religioso, de fé antipolítica.

Mas, na verdade, Kardec, em “O livro dos Espíritos”, na pergunta 792, afirma que o homem poderá ser levado a reformas para leis progressistas e nos seus valores sociais e morais através da escolha de homens de bem para o comando do Estado. Então, como haverá essa interferência na escolha dos homens de bem se os espíritas brasileiros se recusam à educação política e aos debates sobre o progresso social e moral dentro do campo coletivo, ou seja, da política de Estado, da participação ativa para contribuir no progresso coletivo?

O que aqui não se quer dizer ou estimular é fazer das Casas Espíritas células de partido político, de campanhas ou outros. Repito, quer se dizer na aplicação da educação política para a lei do progresso coletivo e não simplesmente se limitar à educação pelo progresso individual, haja vista que um depende do outro. A sociedade, quanto mais desenvolvida, mais eleva o homem na evolução espiritual, quer no campo social, quer no campo humano. Basta ver nos países mais desenvolvidos os baixíssimos índices de violência, fechando-se as cadeias; ou seja, como separar a evolução do homem, enquanto ser social, da política?

Caminhar, participar, para evoluir e sempre! Assim nos ensinou Kardec.

Acesse os textos da edição em cada link:

Faz Política quem vai, e quem fica, por Célia Aldegalega

O Espiritismo e a legítima luta por um mundo melhor, por Manoel Fernandes Neto

Por que o espírita deveria ser apolítico? por Nícia Cunha

Devemos participar das políticas públicas?, por Geylson Kaio

A Política em moldes espíritas, por Raimundo de Moura Rêgo Filho

A imersão política na essência ética, por Nelson Santos

Participar para evoluir!, por Leopoldina Xavier

 

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