Editorial: A síntese da justiça, do amor e da caridade, por Júlia Schultz e Nelson Santos

Tempo de leitura: 3 minutos

Júlia Schultz e Nelson Santos

Eis que chegamos, nesta edição da Revista Eletrônica Harmonia, à última que aborda a décima das Leis Morais ou Naturais – já que, nas edições anteriores tratamos das demais leis –, aquela que pode ser considerada a síntese das demais leis: o caminho para o progresso do ser, espiritual e social.

Desde os filósofos estoicos, notadamente Platão com suas quatro virtudes cardeais – fortaleza, temperança, sabedoria e justiça –, refletindo a verdadeira natureza da alma, como pilares para o bem-estar humano e, portanto, também social, temos a base onde todas as virtudes repousam. Isto fundamenta a moralidade natural, isto é, a moral como o eixo que rege o ser espiritual em seu combate ao egoísmo e orgulho, harmonizando o ser humano em suas pretensões e interesses conflitantes, conduzindo-o à igualdade e sua aplicação ética. Através da virtude nominada como amor, em todas as suas expressões, dá-se a regulação e a disseminação dos conceitos éticos-morais para a existência do Espírito.

Com Jesus de Nazaré e seus ensinos morais e espirituais temos a evolução e a exemplificação dos pensamentos frutificados por seus continuadores nas virtudes teologais elevando o conceito ao patamar máximo: o amor e sua face caritativa como motor para a justiça social. São exatamente os conceitos que a Espiritualidade Superior discorre na parte terceira de “O livro dos Espíritos”. Kardec, atento às instruções, com sua formação humanista, apresenta, então, na questão 886 deste livro: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como irmãos”.”

Nesta edição, o primeiro artigo, “Precisa-se de mão-de-obra especializada, de Claudio Bueno da Silva aborda as diversas adversidades que assolam o ser humano e os enfrentamentos possíveis para o alcance do bem-estar social, enaltecendo que o ser, no mundo, saia da inércia contemplativa para uma atitude mais ativa.

Lindemberg Castro, em “Necropolítica, Psicanálise e Espiritismo: reflexões sobre questões sociais e os contextos pandêmicos”, discorre sobre os males do negacionismo governamental e os efeitos da necropolítica adotada perante a sociedade, para conclamar os Espíritas, em especial, a se tornarem protagonistas no combate às mazelas geradas por padrões de comportamento de violência, indiferença e negligência, que permeiam a ambiência planetária atual.

Em “Os Espíritas perante a Justiça”, Milton Medran Moreira encampa as correlações entre a as justiças cósmica e humana, bem como suas implicações na transformação moral e social do ser. Neste percurso, o indivíduo deve aquilatar suas atitudes, através do aprendizado constante, nos ajustes entre os arrependimentos, as expiações e as reparações de seus equívocos. E, no apurar da moral, o progresso do ser e, por ele, o da sociedade, rumo ao alcance da derradeira justiça social espírita.

Na sequência, Cristiano Torchi, em seu artigo “Justiça, Amor e Caridade: a Lei”, ressalta a importância da observância da lei natural pelo ser e pela sociedade, para a obtenção do almejado adiantamento ético-moral. A lei está embasada nos ensinos originários de Jesus e o dos Luminares Espirituais, ressaltando a importância de ações proativas de cada indivíduo para um cenário de vida melhor.

Jerri Almeida, em “Felicidade social e cidadania no pensamento espírita”, versa sobre a derrocada dos regimes autocráticos, tirânicos e imperialistas, diante da evolução do pensamento humanista. Este, aliás, vem pari passu se alterando com as conquistas sociais da humanidade, ressaltando-se o contributo do trabalho de Kardec ao configurar filosoficamente o Espiritismo para a alvorada do pensamento social e a implantação da justiça, considerando que, lamentavelmente, na sociedade contemporânea ainda há espaço para a intolerância e o retrocesso.

Já o artigo “Justiça: de Kardec ao Século XXI”, escrito por Jacira Silva e Mauro Spinola, traça os parâmetros e a evolução temporal-social do conceito de justiça, a partir da pedra angular do edifício espírita, “O livro dos Espíritos”. Deste modo, as contribuições do pensamento kardeciano e do humanismo presente em suas propostas e seu enfoque filosófico, estão direcionadas às implicações e contribuições sócio-morais-políticas no contexto da sociedade humana planetária.

Por último, Marcelo Henrique, em seu ensaio “Que Sede? A de Justiça Social”, disserta sobre o binômio justo-injusto, para conceituar as ponderações necessárias à justiça, sobretudo a social e planetária, enfocando as premissas éticas-morais necessárias à sociedade na procura de mecanismos que possam compensar as desigualdades sociais. Perante esse desenvolvimento conceitual, o Espiritismo, que é uma doutrina imanentemente social, considerada a premissa de progressivo aprimoramento do pensamento kardeciano, pode por sua dialógica propor a todos os atores sociais caminhos para a superação dos desafios da desigualdade.

Então, caros leitores, aqui fica o nosso convite para a leitura, apreciação crítica e promoção de debates coletivos, nos grupos e instituições espíritas de que participam, dos artigos desta edição, para que este seja, senão o primeiro passo, o incentivo para o engajamento de cada espírita na construção e desenvolvimento de um horizonte mais justo, libertário, fraterno e equitativo, pelos que aqui estão e por aqueles que virão!

Boa leitura!

TEXTOS DA EDIÇÃO:

Editorial: A síntese da justiça, do amor e da caridade, por Júlia Schultz e Nelson Santos

Precisa-se de mão de obra especializada, por Cláudio Bueno da Silva

Necropolítica, Psicanálise e Espiritismo: reflexões sobre questões sociais e os contextos pandêmicos, por Lindemberg Castro

Os Espíritas perante a Justiça, por Milton Medran Moreira

Justiça, Amor e Caridade: a Lei, por Christiano Torchi

Felicidade social e cidadania no pensamento espírita, por Jerri Almeida

Justiça: de Kardec ao Século XXI, por Jacira Silva e Mauro Spinola

Que Sede? A de Justiça Social, por Marcelo Henrique

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