Educação Espírita e Desenvolvimento Sustentável, por Orlando Villarraga

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Orlando Villarraga

Os conceitos da Doutrina Espírita agem sobre a consciência dos seres humanos e servem para seu esclarecimento e orientação, para que nós possamos tomar as melhores decisões e agirmos de acordo com esses princípios.

Introdução
O conceito de um modelo de desenvolvimento sustentável começou a ser conhecido na década de oitenta do século passado e foi colocado na agenda política internacional com a publicação do Informe Brundlandt, em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades da presente geração sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Do ponto de vista da Doutrina Espírita, as futuras gerações podem ser nós mesmos em futuras encarnações. O desenvolvimento sustentável também demanda a eliminação da pobreza, o controle da população, outorgar maior poder de decisão à mulher, a geração de empregos e o respeito aos direitos humanos. O objetivo da economia mundial deve mudar do crescimento exclusivamente econômico (foco na quantidade) ao desenvolvimento sustentável (foco na qualidade social, no meio ambiente e na economia). Vivemos num mundo que tem uma preocupação excessiva com o presente e temos perdido nosso sentido de responsabilidade com as futuras gerações. A sociedade atual olha demasiado para os índices econômicos e deixa de lado os índices sociais e ambientais que refletem melhor as condições da nossa sociedade e do planeta.

Como motivar as pessoas para agirem no interesse da comunidade terrestre? Existem três áreas: pela educação, pelo desenvolvimento das instituições e pelo fortalecimento legal. Este trabalho mostra que através da compreensão e divulgação das Leis Morais, da Lei de Causa e Efeito e da Reencarnação, a Doutrina Espírita pode contribuir para a mudança do paradigma vigente na economia mundial da sociedade atual. Allan Kardec, na pergunta 685a do Livro dos Espíritos, nos ensina que a educação moral é o elemento não contemplado na ciência econômica. Este elemento permitirá ao ser humano ter no mundo hábitos de ordem e de previdência com a finalidade de atingir o bem-estar e a segurança de todos neste planeta.

Modelo atual de desenvolvimento
Nos últimos cinquenta anos, a população do planeta aumentou de 2.556 milhões para 6.000 milhões de pessoas [1]. Mais do dobro da população num período de só 50 anos!! Nesse mesmo período, o consumo de madeira, de água potável e de grãos triplicou. O consumo de carne e de combustíveis aumentou cinco vezes na segunda metade do século XX. O consumo de papel aumentou seis vezes. No total, a economia mundial cresceu mais de seis vezes nesse mesmo período [2].

Este aumento acelerado no consumo dos recursos naturais se deve principalmente a dois fatores: o aumento da população e o aumento do poder de compra de alguns setores da população. No modelo econômico atual continuamente se extraem recursos naturais para a produção de diferentes bens, os quais são transportados para o consumo final por parte de todos nós, consumidores. Em todas as etapas deste modelo estamos gerando resíduos que de qualquer maneira retornam para a natureza.

Um dos grandes mitos existentes na economia atual é o do crescimento ilimitado. Acredita-se que com o uso de novas tecnologias e extraindo recursos naturais com as infusões de capital, sempre vai ser possível o crescimento econômico [3]. Porém não se tem em consideração que a Terra é um sistema finito que possui uma capacidade limitada para sustentar uma população determinada. Esse aparente crescimento econômico está acontecendo como conseqüência do consumo do capital natural, com repercussões desastrosas para a natureza como a mudança do clima, a extinção de diversas espécies, a poluição de diversos ecossistemas e a destruição de diversos habitats.

Esse consumismo continua reforçando o modelo atual, que tem como base o ganho rápido e que vai aumentando a diferença entre os ricos e os pobres do planeta, entre os países desenvolvidos e os países em vias de desenvolvimento.

Os princípios do paradigma atual que sustentam o sistema econômico moderno são: 1) a Terra é uma fonte inesgotável de recursos; 2) a Terra é um sumidouro sem limites capaz de assimilar todos os nossos resíduos; 3) o marco de referência no tempo é, como máximo, o tempo de vida de um ser humano e na área dos negócios, os próximos três meses; 4) a Terra existe para ser conquistada e dominada pelos seres humanos; e, 5) a tecnologia é onipotente para resolver todos os problemas humanos [4].

A aplicação destes princípios nos levou à condição atual em que se encontra o meio ambiente físico e social. Enquanto os atuais índices econômicos como investimentos, volume de produção, a bolsa de valores e o volume dos negócios e transações internacionais apresentam tendências positivas, os principais indicadores ambientais e sociais mostram tendências negativas. Vamos a apresentar, de maneira geral, alguns desses indicadores sociais e ambientais que melhor refletem o estado atual do planeta.

Nosso modelo econômico está avassalando os sistemas naturais da Terra. O crescimento ilimitado é a ideologia da célula cancerosa. Da mesma maneira que um câncer em expansão destrói seu anfitrião, o contínuo crescimento da economia está destruindo os ecossistemas do planeta Terra.

Allan Kardec nos ensina, em “O livro dos Espíritos”, que a Natureza não pode ser responsável pelos defeitos da organização social, nem pelas conseqüências da ambição e do amor-próprio [5]. A grande maioria dos problemas que afrontamos a nível social e do meio ambiente são a conseqüência de nossas decisões. Muitas delas só consideraram o benefício pessoal material e imediato.

A economia é um subsistema dentro do sistema da sociedade. A economia poderia deixar de existir e a sociedade poderia continuar. Por sua vez a sociedade é um subsistema do sistema da Natureza. Nós, como espécie humana, que conformamos a sociedade, poderíamos desaparecer da Terra e o planeta continuaria sua evolução. Por sua vez, a Natureza é um subsistema do que se considera o mundo espiritual. Esta visão dos sistemas nos proporciona uma ideia da magnitude e da importância relativa que devemos dar à economia.

Modelo de desenvolvimento sustentável
O Informe da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento publicado em 1987 (Brundlandt) definiu o conceito do desenvolvimento sustentável como aquele que atende às necessidades da presente geração sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atender a suas próprias necessidades [6].

Do ponto de vista da Doutrina Espírita esta definição tem dois elementos muito importantes: o primeiro está relacionado com as necessidades da Humanidade e o segundo com o compromisso e a responsabilidade entre diferentes gerações, distribuídas no tempo, que habitam o planeta Terra para sua evolução.

As necessidades básicas dos seres humanos podem dividir-se em dois grupos: a) as necessidades físicas como: a alimentação, a água potável, o ar puro, a moradia, a educação, as fontes de trabalho e os serviços médicos; e, b) as necessidades espirituais como: a compaixão, o afeto, a ternura, a solidariedade e a amor.

Kardec nos ensina, na mesma obra, que “por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais” [7]. Além dos vícios, temos os nossos defeitos que são aproveitados pelos criadores das campanhas publicitárias para levar-nos a comprar uma série de coisas de que realmente não necessitamos, mas que incentivam e tentam satisfazer o nosso orgulho, a nossa vaidade e nossas ambições pessoais.

Kardec disse no capítulo da Lei da Conservação, da obra primeira, que “a Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário” [8]. Como podemos diferençar o necessário do supérfluo? Kardec disse que “aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e a sua própria custa” [9]. Por isso devemos prestar mais atenção à nossa voz da consciência e aos conselhos e pensamentos dos espíritos guias que nos orientam para definirmos, nos momentos críticos, a melhor alternativa que devemos tomar com a finalidade de evitar o desperdício dos nossos recursos em coisas supérfluas.

Às perguntas 711-714, de “O livro dos Espíritos” [10], eles responderam que o uso dos bens da Terra é um direito que é consequente da necessidade de viver. O atrativo no gozo dos bens materiais tem duas finalidades: serve para instigar o homem ao cumprimento da sua missão e, também, para experimentá-lo por meio da tentação. Esta tentação lhe ajuda a desenvolver a razão, que deve preservá-lo dos excessos.

O segundo elemento da definição do desenvolvimento sustentável é o compromisso que temos com as futuras gerações para deixar este planeta em condições iguais ou melhores às que encontramos quando encarnamos. Pela Lei de Causa e Efeito vamos receber aquilo que semeamos no dia de hoje. Se melhorarmos as condições físicas e sociais do planeta vamos a encarnar posteriormente em ambientes melhores. Temos uma responsabilidade com nossos filhos e com as futuras gerações, pois podemos ser nós os presentes neste planeta em futuras encarnações.

Há três áreas fundamentais que devemos trabalhar para implementarmos o modelo de desenvolvimento sustentável: a preservação do meio ambiente, a prosperidade econômica e a justiça social. As três áreas possuem igual importância para o desenvolvimento sustentável. Estamos vivendo as consequências por termos dado demasiada ênfase ao aspecto econômico. Na área da justiça social, o desenvolvimento sustentável precisa atingir a redução e se for possível a eliminação da pobreza, outorgar maior poder de decisão à mulher, gerar empregos e a observação dos direitos humanos.

Allan Kardec, em “Obras Póstumas” disse que “a liberdade, a igualdade e a fraternidade descrevem o programa de uma ordem social completa que levaria para frente o progresso absoluto da humanidade, se os princípios que elas expressam pudessem ser aplicados em sua integridade” [11]. Portanto, parte de nosso compromisso é o entendimento e a aplicação desses princípios nas nossas vidas particulares, servindo como exemplos para nossas famílias e modelos para a sociedade.

Princípios do desenvolvimento sustentável
O Dr. Karl-Henrik Robert, médico oncologista sueco, desenvolveu um sistema de princípios básicos e simples que podem ser entendidos por toda a sociedade que nos permitem falarmos dos mesmos princípios e nos mesmos termos, com a finalidade de alcançar uma sociedade sustentável. Os quatro princípios são [12]: 1) as sustâncias extraídas da crosta terrestre não devem aumentar sistematicamente na biosfera; 2) as sustâncias produzidas pela sociedade humana não devem aumentar sistematicamente na biosfera; 3) a produtividade e a biodiversidade da Terra não devem ser sistematicamente deterioradas; e, 4) as necessidades humanas devem ser satisfeitas com o uso justo e eficiente da energia e outros recursos naturais.

Condições para um futuro sustentável
Para alcançarmos uma sociedade sustentável no futuro devemos trabalhar em três áreas fundamentalmente: a instrução, a educação moral e a ação.

A instrução compreende três áreas bem importantes: a) as leis morais apresentadas no Livro Terceiro, de “O livro dos Espíritos”. Estas leis regem o nosso comportamento com os outros seres humanos, com a Natureza e com os seres desencarnados; b) as leis universais como a Lei de Causa e Efeito, a Lei da Reencarnação, a pluralidade de mundos habitados e a comunicabilidade dos espíritos; e, c) os princípios básicos do desenvolvimento sustentável.

A educação moral é a educação definida por Allan Kardec na pergunta 685ª, da citada obra [13]: “a educação moral que consiste na arte de formar os caracteres, a que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”. Esta educação moral permite ao ser humano ter uma visão espiritual e entender melhor sua função no plano terrestre para a conservação do meio ambiente físico, social e espiritual. Adquirirá hábitos de ordem e terá mais previsão com relação às conseqüências de seus atos sobre o meio ambiente e sobre seus semelhantes.

Somente através das ações é que é possível a implementação destes conhecimentos na vida cotidiana real. Existem quatro áreas de ação [14] onde podemos obter os melhores resultados com o objetivo de reduzir o impacto ambiental, promover o crescimento econômico e aumentar as fontes de emprego. São elas:

1) Aumento radical da produtividade dos recursos: refere-se ao uso mais eficiente dos recursos naturais. É obter o mesmo serviço, de um produto ou de um processo, porém utilizando menos energia e menos matérias primas. Apresenta-se três vantagens: diminui a extração dos recursos naturais, diminui a poluição e aumenta o número de empregos;

2) Imitar os processos da natureza: redesenhar os sistemas industriais seguindo o exemplo dos processos biológicos que se aperfeiçoaram durante milhões de anos. A idéia fundamental é eliminar praticamente a geração de resíduos;

3) Economia de serviços e fluxos: significa mudar o conceito de satisfação pela compra de objetos para a satisfação do uso do serviço sem ter necessidade de comprá-los;

4) Investir no capital natural: procurar a restauração dos ecossistemas que foram degradados.

A nível individual podemos começar trabalhando em três áreas: consumo de papel, consumo de energia e a dieta. Por exemplo, no caso de uma dieta com alto consumo de carne vermelha ela contribui a manter e agravar alguns dos problemas ambientais mais críticos. A criação de gado é uma das principais causas do desmatamento, já que necessita o corte de árvores para aumentar a área disponível a essa nova atividade econômica. A criação de gado consome 38% de todos os grãos produzidos no mundo [15]. A criação de gado é uma maneira ineficiente para o aproveitamento dos grãos, já que se requerem 7 kg de grãos para produzir um quilo de carne vermelha. O processo de fermentação no estômago do gado é a segunda maior fonte de geração de metano à atmosfera [16]. O metano contribui com 16% ao problema do efeito estufa [17]. Estes dados nos devem servir para pensarmos sobre o impacto que tem no meio ambiente uma dieta com base na carne vermelha e para refletirmos e decidirmos reduzir seu consumo e finalmente eliminá-la da nossa dieta. É uma decisão muito pessoal.

A ação da Doutrina Espírita para a transformação do mundo se dará de maneira indireta em “razão das modificações que produzirá nas ideias, nas opiniões, no caráter, nos costumes dos seres humanos e nas relações sociais. Tal influência se acrescentará, porque não será imposta”, conforme consta de “Obras Póstumas” [18]. Os conceitos da Doutrina Espírita agem sobre a consciência dos seres humanos e servem para seu esclarecimento e orientação, para que nós possamos tomar as melhores decisões e agirmos de acordo com esses princípios.

Conclusão
A Doutrina Espírita definitivamente tem um papel importante para contribuir na implantação do modelo de desenvolvimento sustentável no nosso planeta através da educação moral, do ensinamento das leis morais, das leis universais e de alguns conceitos chaves como são o uso dos bens materiais e o que devemos fazer para aprendermos a diferença entre o necessário e o supérfluo.

A Lei da Reencarnação permite entender, do ponto de vista espiritual, a importância do compromisso entre gerações, quanto à disponibilidade de acesso aos recursos naturais, para satisfazer as necessidades básicas das futuras gerações. Este princípio se complementa com a Lei de Causa e Efeito, porque dependendo de como deixamos este planeta, vamos recebê-lo em melhores ou em piores condições em nossas futuras encarnações.

Precisamos agir agora e agir rapidamente na divulgação destas ideias para mudarmos o paradigma atual. Devemos tomar decisões nesse sentido e agir agora e não deixar para a seguinte geração as decisões, já que eles estarão numa situação muito mais difícil da que nós atualmente afrontamos. É o nosso dever.

Referências Bibliográficas:
[1] L. Brown & Others. Vital signs 2000. Worldwatch Institute. (New York: W. W. Norton & Company, 2000). P. 99.
[2] L. Brown & Others. Beyond Malthus: sixteen dimensions of the population problem. Worldwatch Paper 143. Worldwatch Institute. (Washington, 1998). P. 9.
[3] P. Hawken. The ecology of commerce. A declaration of sustainability. (New York. Harper Business, 1994). P. 32-33.
[4] R. C. Anderson. Mid-course correction. (Atlanta: The Peregrinzilla Press, 1998). P. 93.
[5] A. Kardec. O livro dos espíritos (Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 51. Ed.). P. 707.
[6] Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. (Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991). P. 46.
[7] A. Kardec. Op. cit. Nota 18. P. 716.
[8] A. Kardec. Op. cit. Nota 18. P. 705.
[9] A. Kardec. Op. cit. Nota 18. P. 715.
[10] A. Kardec. Op. cit. Nota 18. P. 711-712a.
[11] A. Kardec. Obras póstumas. (Buenos Aires: Editora Argentina 18 de Abril, 1991). P. 195.
[12] K. Robert. The natural step. A framework for achieving sustainability in our organizations. (Cambridge: Pegasus Communications Inc.,1997). P. 8-9.
[13] A. Kardec. Op. cit. Nota 18. P. 685a.
[14] P. Hawken, A. Lovins & H. Lovins. Natural capitalism. Creating the next industrial revolution. (New York: Little, Brown and Company, 1999). P. 10-21.
[15] L. Brown & Others. Vital signs 1995. Worldwatch Institute. (New York: W. W. Norton & Company, 1995). P. 34.
[16] A. Goudie. The human impact on the natural environment. (Cambridge: MIT Press, 1994). P. 309.
[17] W. Cunningham & B. Saigo. Enviromental Science. A global concern (Dubuque: Wm C. Brown Publishers, 1997). P. 376.
[18] A. Kardec. Op. cit. Nota 24. P. 185.

* Artigo resumido em relação a trabalho apresentado em Congresso Espírita.

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