Reflexões Livres

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Por Beto Souza

Texto Original

Reflexões Livres

A liberdade esta diretamente relacionada com o conhecimento que possuímos das diversas situações. É escolher racionalmente entre as opções que se apresentam durante nossa jornada de evolução espiritual. 

Quando o caminhante chega numa bifurcação na estrada, sem conhecer os destinos finais de cada trilha, ele pode procurar analisar os dois caminhos apresentados e decidir conscientemente entre eles ou fazer uma escolha cega baseada puramente em seu instinto.

A escolha ponderada, realizada com racionalidade, pode ser considerada como livre reflexo do espírito humano atuando sobre a matéria, mas não a escolha instintiva, pois pouco difere das escolhas realizadas no estado de animalidade bruta das primeiras encarnações materiais que antecederam a conquista do livre arbítrio. 

Do nosso limitado ponto de vista temos a tendência natural de considerar as nossas opiniões como melhores que as dos outros.

Não percebemos que estamos todos apenas trilhando caminhos paralelos, entre tantos outros, que conduzem ao mesmo objetivo. Como me declarar livre ou afirmar que o outro não é livre se não conheço o final das nossas jornadas? Se não estou vivenciando a realidade na pele do outro? 

A certeza que podemos ousar expressar é que somos buscadores agindo cada um no máximo de suas possibilidades atuais para o bem. Estamos procurando melhorar e evoluindo de acordo com a lei inexorável do progresso, sem pressa nem saltos irracionais.

Não estamos vivendo um momento de contradição social somente agora, como sociedade estamos imersos em contradições desde que deixamos a condição de mundo primitivo para de provas e expiações.

É parte dos conflitos deste plano evolutivo que precisamos aprender a superar em conjunto, se não já estaríamos encarnados em algum mundo de regeneração. A transição não se faz com violência, marca primitiva de nossa evolução humana, mas com a compreensão, aceitação e harmonia entre as nossas diferenças, aprendendo a respeitar o direito do outro de também ser livre, sem anátemas disfarçados de fraternidade.

Quando rejeitamos as ideias dos outros eles respondem também rejeitando as nossas. Não se constroem pontes assim, pelo contrário, colocam-se as construções abaixo com duros golpes de machado. 

– Não existe diálogo sem o respeito pelo direito do outro ser diferente.

As pessoas devem ser livres para debater sobre os assuntos que quiserem, para se reunir em orações ou em silêncio meditativo, se assim desejarem. 

“O Espiritismo, sendo independente de qualquer forma de culto, não prescrevendo nenhum deles, não se ocupando de dogmas particulares, não é uma religião especial, pois não tem nem seus padres nem seus templos. Aos que indagam se fazem bem em seguir esta ou aquela prática, ele responde: Se sua consciência pede para fazê-lo, faça-o; Deus sempre leva em conta a intenção.”
Allan Kardec. O Espiritismo em sua expressão mais simples, 1862.

Sabemos que o universo é pensamento, mas se você precisa de uma vela para focar sua mente e orar, seja livre para isso, sem culpa nem preocupação com o dedo acusador daqueles que, seguindo o exemplo da inquisição romana, afirmam não ser isto ou aquilo parte do espiritismo verdadeiro.

Penso que não existe um dono do termo “espiritismo” e se buscarmos uma referência maior para nos abrigarmos em segurança vamos chegar aos textos de Allan Kardec, o codificador da doutrina, um livre pensador que entendia a necessidade do respeito pelo outro sem imposição e nem proselitismo. Em sua época era mais simples definir as linhas de fronteira entre espiritismo e espiritualismo, mas atualmente ficou muito mais difícil. Vivemos uma simbiose com orientalismo, magnetismo, homeopatia e tradições evangélicas aceitando inclusive a salvação do ciclo de encarnações materiais pela fé em Cristo. Todos se dizem espíritas, acreditam em Deus, na existência, sobrevivência, comunicação com os espíritos e evolução espiritual pela reencarnação.

– Qual deles não é espírita? 

De minha parte, considero esta resposta:

“… Consequente com ele próprio, não se impõe; diz o que é, o que quer, o que dá, e atende àquele que lhe vier livremente, voluntariamente; quer ser aceito pela razão e não pela força. Respeita todas as crenças sinceras e só combate a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a hipocrisia, que são as chagas da sociedade e os obstáculos mais sérios ao progresso moral; mas, ele não lança o anátema a ninguém, até mesmo a seus inimigos, porque está convencido de que o caminho do bem está aberto aos mais imperfeitos, e que cedo ou tarde aí eles entrarão…”
Allan Kardec. A Gênese, Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, 1868. 

Referências:

1. INCONTRI, Dora. Manifesto por um espiritismo kardecista livre. Site da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita. 

2. KARDEC, Allan. O Espiritismo em sua Expressão Mais Simples. 1862. Tradução de Dafne R. Nascimento. Prefácio de Deolindo Amorim. 2. ed. São Paulo: Edições FEESP, 1989.

3. KARDEC, Allan. A Gênese, Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, 1868. Tradução de Carlos de Brito Imbassahy. 1. ed. São Paulo: FEAL, 2018.

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