PaiMãe: NOVA FORMA de entendermos DEUS, por Saara Nousiainen

Tempo de leitura: 4 minutos

Por Saara Nousiainen

Os Espíritos Superiores, ao responderem à pergunta de Kardec em “O livro dos Espíritos”, primeira, aliás, da basilar obra – “Que é Deus?” –, fizeram-no dentro da capacidade de entendimento das pessoas daquela época, informando ser Ele a “Origem e Causa Primária de todas as coisas”.

Hoje, no entanto, com nossa capacidade de entendimento grandemente ampliada pelos conhecimentos adquiridos desde então, podemos pensá-Lo como uma “Mente Cósmica”, inimaginável em sua grandeza e inalcançável por qualquer instrumento, ou mesmo, pelos mais avançados cálculos matemáticos.

Podemos também pressupor que essa “Mente” se compõe de dois Princípios, ou Aspectos, o masculino e o feminino, ambos se complementando e simbolizados nas figuras de Pai e Mãe, mas como unidade, Pai-Mãe.

Lembremos que os seres humanos e a própria vida animal, criados por Ele, compõem-se de masculino e feminino, na dualidade que estabelece o equilíbrio. Tal dualidade está em tudo, direita e esquerda, Norte e Sul, dia e noite, alto e baixo etc. E, mesmo compondo-se de duas partes isoladas e, outrossim, sendo diferentes uma da outra, formam uma unidade: uma não existe sem a outra.

Um exemplo disto está em nosso próprio cérebro, humano, formado por dois lados, ou hemisférios. O esquerdo comanda o lado direito do corpo e o direito, o lado esquerdo. Apesar dessa troca de lados (entre a cabeça e o corpo) eles continuam formando a unidade.

Sabe-se também que o pensamento racional é atribuído ao hemisfério esquerdo do cérebro, ao passo que o direito é responsável pelo emocional, a sensibilidade. Mas, associativamente, a atividade mental, nessa dualidade, ocorre de forma conjugada e não isolada. São duas faces, ou dois aspectos distintos, trabalhando juntos numa atividade coordenada e realizada por ambos.

A dualidade Masculino e Feminino, então, está presente na estrutura espiritual do próprio ser humano, tanto no homem como na mulher. Ou seja, ambos possuem esses dois Princípios, embora, ainda hoje, em proporções diferenciadas.

Destarte, por essa visão transcendental, a Mente Cósmica, ou Deus, seria: a) Pai Inteligência e Poder inimagináveis, formulador das Leis, organizador e Criador do Todo; b) e seu outro Princípio ou aspecto, a Mãe, com sua Sensibilidade, Sabedoria, Amor, etc., também em inimagináveis expressões. Disso resultaria o Filho, o Cosmo, apresentando como herança os “genes espirituais” dos “Pais”, constituindo a manifestação de tudo que existe, com tudo que o Cosmo contém e em todos os seus aspectos. Inclusive, nós mesmos.

Imaginemos, agora, como seria aqui na Terra, se na Mente Cósmica, ou Deus houvesse apenas o aspecto Masculino do Pai. Teríamos a Inteligência formulando as leis e o Poder cuidando da sua aplicação. Não haveria Vida. E se essa Mente se constituísse apenas do Feminino, não haveria Cosmo.

Em a Natureza podemos perceber o resultado dessa “ação” de Deus PaiMãe:

a) Do Pai, na elaboração de todas as funções de cada forma de vida e as suas estruturas para o cumprimento dessas funções na preservação, continuidade, evolução, etc.;

b) Da Mãe, destacando-se o Amor e a Sensibilidade no projeto e manipulação das formas de vida – inicialmente feias e grosseiras, mas evoluindo ao longo do tempo, para apresentarem, hoje, aos nossos olhos, a extraordinária beleza e harmonia. Exemplos não nos faltam: as flores, as folhas e as cores do mundo vegetal; assim como, nos reinos animal e humano, as diferenças notórias entre os seres primitivos e os da atualidade; por fim, o Sentimento materno, o Amor, o colo do Princípio feminino, influenciando tanto mulheres quanto homens.

Lembremos que Jesus, ao atualizar o Antigo Testamento, resumiu-o a um único mandamento, o Amor.  Observemos, porém, que ele o apresentou com duas partes, remetendo à ideia de que a Divindade se constitui de dois Aspectos ou Princípios: o Masculino e o Feminino.

Vejamos:

Primeira parte: Ama a Deus sobre todas as coisas – o Pai. Segunda parte: Ama o próximo como a ti mesmo – a Mãe, o Amor de Mãe.

Além disso, essa ideia de “Deus – PaiMãe” é absolutamente coerente com o bom senso e a razão.

Podemos também estabelecer que esses dois Princípios representam as “asas” da nossa evolução espiritual, pois alguém só consegue elevar-se quando ambas estiverem do mesmo tamanho, e se o tamanho for suficiente para alçar voo.

A Igreja Católica criou a imagem de Pai, Filho e Espírito Santo, triplamente masculino, eliminando o aspecto materno da divindade, o Amor, e devido a essa distorção, esse “desequilíbrio” no projeto evolutivo. Portanto, devido a essa distorção, esse “desequilíbrio” no projeto evolutivo, o Cristianismo não logrou melhorar o mundo cristão.

Vemos, então, a humanidade, com a asa masculina empoderada e a feminina fragilizada, vivenciando muita dor e sofrimento, sem conseguir decolar, erguer-se do chão e voar em busca do bem-estar e da felicidade para todos.

Nos últimos tempos, entretanto, e felizmente, o Feminino vem crescendo e cada vez mais, ganhando força, tanto com relação ao binômio homem-mulher, quanto aos Princípios (masculino e feminino) na estrutura espiritual de todo ser humano, sinalizando a transição da Terra para um modelo melhor.

Jesus representa, assim, o perfeito equilíbrio entre esses dois Princípios. O Espiritismo, igualmente, representa esse equilíbrio, com uma asa do Conhecimento, da Ciência, da Razão, etc., e outra da vivência do Amor em todas as suas expressões.

Por esse novo olhar sobre Deus, tudo passa a ficar diferente. É aquela sensação de pertencimento, uma conscientização que nos retira da posição de pedintes, tornando-nos partícipes e agentes. Saímos daquela condição em que o mundo cristão ainda se demora, de quem busca alcançar as graças divinas, através da bajulação, de promessas, oferendas, louvações, etc.; ou da compra, com valores amoedados, da “passagem para o Céu”, depois da morte do corpo físico, além de um lugar melhor no Paraíso.

O pertencimento coloca-nos, portanto, em nossa verdadeira posição de agentes da Vida e donos de nós mesmos, de nossas escolhas; construtores do nosso presente e futuro, e com todas as possibilidades de viver, aprender, crescer e ser feliz, no rumo da plenitude.

É uma nova Luz a iluminar nosso interior, deixando-nos conscientes de que somos parte do Todo, irmãos de todos, de tudo o que vive e do que apenas é. Podemos então elevar nosso pensamento, dizendo:

“Pai, que estás no Todo e em Tudo, ajuda-me a vivenciar o equilíbrio da Justiça com Sabedoria; de uma Fé Consciente e Racional, na alegria de saber que Teu Pensamento me empodera e me conduz…”

“Mãe, que estás no Todo e em Tudo, ajuda-me a desenvolver Amor, a mais poderosa energia do universo; ajuda-me a vivenciar a paz, a harmonia e a humildade. Abraça-me, Mãe, e me plenifica, tornando amoroso meu olhar para tudo e todos, e que nesse despertar, nessa nova Luz, eu seja sempre uma presença benéfica, onde estiver…”

Por derradeiro, podemos também pedir ajuda, amparo e assistência a estes Nossos Pais, para os nossos mais variados problemas e dificuldades na Vida e no cotidiano, já que somos parte do Filho-Cosmo.

(Embasado no livro “UM NOVO OLHAR sobre Deus e Nós”, ainda não publicado.)

Foto de Keegan Houser na Unsplash

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

One thought on “PaiMãe: NOVA FORMA de entendermos DEUS, por Saara Nousiainen

  1. Essa resposta não é dos “espíritos superiores”, ela é do próprio Kardec. Ele respondeu com base na tradição filosófica iniciada por Tomaz de Aquino e retificada por René Descartes. Ele a atribuiu aos espíritos por entender que ela traduzia o pensamento deles, mas a redação é dele mesmo.

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