Paulo Degering Jr.
***
O verdadeiro médium deve ser desinteressado e vigilante contra a influência de Espíritos inferiores que se aproveitam da vaidade humana. Quando um médium se torna mais importante do que a mensagem que transmite, há um forte indício de mistificação e afastamento da verdadeira finalidade da mediunidade.
***
No Espiritismo, a mediunidade é uma faculdade concedida para servir à caridade, à instrução e ao consolo dos que sofrem. Allan Kardec deixou claro que o médium deve ser um intermediário humilde entre o plano espiritual e os encarnados, jamais se colocando como uma figura centralizadora ou buscando vantagens pessoais. No entanto, em muitos ambientes espíritas, surgem os chamados “médiuns-estrelas”, que transformam sua mediunidade em um palco de vaidade e poder.
Esses indivíduos costumam se destacar pela necessidade constante de reconhecimento. Buscam projeção pública, exaltam-se como canais exclusivos de revelações espirituais e criam um séquito de seguidores que os tratam como autoridades absolutas. Seu discurso, muitas vezes, prioriza a exaltação de si mesmos em detrimento dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita. Em casos mais graves, exploram financeiramente ou emocionalmente aqueles que os acompanham, criando um sistema de dependência e idolatria.
Kardec advertiu repetidamente sobre os perigos do personalismo na mediunidade. Em “O livro dos Médiuns”, ele ressalta que o verdadeiro médium deve ser desinteressado e vigilante contra a influência de Espíritos inferiores que se aproveitam da vaidade humana. Quando um médium se torna mais importante do que a mensagem que transmite, há um forte indício de mistificação e afastamento da verdadeira finalidade da mediunidade.
O perigo dos médiuns-estrelas não se limita apenas ao campo moral. Muitas vezes, suas mensagens contêm erros doutrinários, pois deixam de lado o crivo da razão e da coerência com a Codificação Espírita. Sob a justificativa de trazer “novidades espirituais”, disseminam ideias contraditórias ao Espiritismo, levando muitos ao engano.
Diante disso, cabe ao espírita consciente estar atento. O verdadeiro médium trabalha com discrição, humildade e fidelidade aos ensinamentos espíritas. Ele não busca fama nem privilégios, mas compreende que sua tarefa é servir, jamais se colocar em um pedestal. Afaste-se daqueles que transformam a mediunidade em um espetáculo e lembre-se: onde há personalismo excessivo, há sempre o risco da mistificação e do desvio da verdade.
Nota do ECK: Artigo originalmente publicado no blog “O legado de Allan Kardec”, mantido pelo autor.
Imagem de 愚木混株 Cdd20 por Pixabay