Viver! O que é? (Ainda, e sempre, o aborto)

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Conselho de Gestão ECK

Imagem de Enrique Meseguer por Pixabay

Conceitos existem: o médico, o biológico, o civil, o legal, o jurídico, o filosófico, o poético, o real…

Quem vive? Desde quando? Por que vive? Como vive? Para que vive?

Estas questões extrapolam a mera retórica, para estarem enquadradas no cotidiano das pessoas (Espíritos encarnados, para nós, espíritas!).

O ABORTO SEGUNDO A RELIGIÃO (ESPÍRITA)

Na poesia do Nazareno, “bendito o fruto que nasce de mulher”. Mas, espera! Nós não iremos falar de religião, nem vamos encarar o tema religiosamente.

A religião nos impõe amarras, prisões, restritividades. A religiosidade (que nós preferimos chamar de Espiritualidade) é que liberta… Mas, só liberta quando a conhecemos, como disse o Carpinteiro. Pois é o conhecimento da “verdade” algo libertador. De fato!

A liberdade do conhecimento, todavia, não está “nos livros”, nem, tampouco, do que os homens interpretam SOBRE o conteúdo dos livros. Do contrário, seremos presas fáceis da ortodoxia, do conservadorismo, das prescrições proibitivas e salvacionistas.

O ESPIRITISMO LIBERTO

O Espiritismo – ah, como desejamos isto! – nasceu liberto (ainda que, criticamente, não totalmente) das amarras das religiões. Seu fundador, o Professor francês Rivail-Kardec erigiu sobre o não-dogmatismo os pilares de sua Filosofia.

Não definiu parâmetros incontestes, não predefiniu tábulas (rasas) com conceitos imutáveis, preestabelecidos e por toda a Eternidade. Do contrário, estabeleceu duas condicionantes (estas, sim, invariáveis) para o Espiritismo: ser progressivo e ser progressista.

Progressivo, para permitir o arejamento da continuidade das pesquisas, das teorias, e do reexame de textos e proposições. Progressista, para que não se encastelasse nas verdades prontas e acabadas, que são impostas SEM CONTESTAÇÃO aos seus “seguidores”. Como uma religião, não é?

O MEIO ESPÍRITA E SUAS CRENÇAS

Vemos espíritas falando incessantemente do aborto. E, quando falam, constroem o seu pensamento (raciocínio?) sobre a SACRALIDADE da vida. Evocam o “dom divino” da criação de um zigoto, depois feto, à frente nascituro, até o seu “êxito” como recém-nascido.

Por que será que o assunto aborto vem para a pauta do meio espírita brasileiro (MEB) quando algo se move para evitar e eliminar retrocessos? Coincidência ou não, o Ministério da Saúde revogou nesse mês seis portarias do antigo governo sobre aborto e outras medidas contrárias às diretrizes do SUS. Uma delas, versava sobre a obrigatoriedade de o médico comunicar o aborto – pasmem! – à autoridade policial.

Estes espíritas apegam-se convenientemente à parcialidade interpretativa sobre o conceito de “bem jurídico”, para radicalizar e tornar absoluta a sua proteção, como se dissessem: – Não, o feto é sagrado! Nele ninguém toca!

E fecham questão! Não admitem qualquer discussão, porque os debates (usuais) em “meio espírita” são para repetir bordões e recitar perguntas e respostas da obra inicial, “O livro dos Espíritos”, como mantras, axiomas, homilias, sentenças…

“Há sempre crime quando se transgride a Lei de Deus”, figura patente (será?) a resposta contida na obra inicial publicada por Kardec. É o item 357.

É crime? O que é crime? Qual crime? Que é a Lei de Deus? Como é a prescrição da legislação universal? Todos a conhecem? A redação da lei é conhecida e acessível a todos? Como ela se aplica às mínimas situações do cotidiano dos encarnados?

Perguntas…

A LIÇÃO DE SÓCRATES E OS DOUTORES DA LEI

Sócrates, se materializado estivesse, ou seja, por aqui reencarnado novamente, em sua Maiêutica, não nos daria qualquer resposta. Da pergunta que a ele fizéssemos, responderia com outro questionamento, que responderíamos, e disto viria outra indagação, indefinidamente, até esgotar (quando possível!) o debate.

Era o PARTO DA VERDADE (possível, não absoluta, tampouco definitiva).

Vemos os doutores da Lei por toda a parte. Sim, eles conhecem ou dizem conhecer as “escrituras espíritas”. Sim, eles têm nos lábios, decoradamente, os itens das respostas dos “Espíritos Superiores”. Sim, eles têm respostas PRONTAS para as nossas perguntas, como se “doutrinassem” os demais (ah, Kardec, como erraste em chamar tua filosofia, que seria um COMEÇO, de “DOUTRINA dos Espíritos”, que representa um fim!).

Vemos os representantes do Espiritismo, sejam homens (cadê as mulheres sensatas como expoentes reconhecidos do Espiritismo?), sejam instituições, apresentando seus LIBELOS ACUSATÓRIOS, estampados na pedagogia negativa (“NÃO”, “NÃO pode”, “NÃO faça”, “NÃO aja” – seNÃO (SIM, existe uma prescrição condenatória, senhoras e senhores!).

O Espiritismo tupiniquim do século XXI, segue a senda do predecessor, e continua… Punindo! Ameaçando! Condenando! Definindo o porvir dos “condenados”! E, mais: em romances ou livros de “doutrina”, já estabelecem de antemão o que aguarda o(s) abortador(es) na próxima existência, e já prescreve o início (pasmem!) de uma relação de ódio implacável entre o Espírito reencarnante (que não pôde nascer) e sua mãe, que o abortou (ou aos que, direta ou indiretamente, estiveram envolvidos).

PARA QUE SERVE, ENTÃO, O ESPIRITISMO?

É para isto que “veio” o Espiritismo? Foi para isso que veio “consolar”, na promessa de Jesus? É ela a “revelação terceira” do Código Divino?

Não, vetustos Doutores da Lei espíritas! Vocês – nem nós, admitimos – conhecem a LEI DIVINA que verborram (do verbo verborragir e do substantivo verborragia) e, portanto, não estão AUTORIZADOS a dizer a lei, como exegetas ou jurisconsultos. E, mesmo que a conhecessem totalmente, nada lhes daria o direito de apontar o dedo para vosso semelhante.

Disseram as aludidas Inteligências Invisíveis (a Kardec): a Lei de Deus está inscrita na CONSCIÊNCIA dos homens. O que é, então, consciência? Quem a tem? De que maneira ela se manifesta? Ela é igual para todos?

Preferimos trilhar outro caminho: o da compreensão sobretudo dirigida à Mulher, Mulher-Mãe ou Mulher-NÃO-Mãe! É ela que deve estar na primazia do nosso DIREITO PROTETIVO e do nosso ALCANCE ESPÍRITA. Não o feto! Não o possível feto! Não o zigoto! Não o embrião.

E, como já abusamos do “NÃO” nesta nota, vamos encerrar com um SIM. Ou “O” SIM.

Sim às políticas governamentais, legislativas, jurisprudenciais de PROTEÇÃO DA MULHER!

O ECK coloca suas digitais nesta temática! E que os “legisladores” e “exegetas” humanos concedam à mulher a mais ampla e irrestrita proteção. E agora!

Porque isto, para nós do ECK, é genuinamente VIVER. E viver com qualidade!

Administrador site ECK

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

2 thoughts on “Viver! O que é? (Ainda, e sempre, o aborto)

  1. Uma infinidade de grávidas em todo país tem se utilizado de abortistas de toda espécie que em nome do anonimato prometem o aborto sem consequências e muitas vezes resultam em falecimento da grávida. Então, ao menos cabe aos órgãos governamentais atuarem para que se possa minimizar esta situação.

    Então, precisamos criar fóruns de discussões para dar uma solução mais plausível a está situação….e os espíritas não devem se furtar a esta discussão…

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