Telenovelas espíritas perdem espaço por causa do público evangélico, aponta UOL

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Da redação do portal ECK

Uma matéria do UOL, da repórter Ane Cristina, do Splash, busca decifrar os motivos que levaram à interrupção da produção de telenovelas espíritas na TV aberta. A pauta surgiu com a sexta reprise de “A Viagem” (1994), novela de Ivani Ribeiro com consultoria do pensador espírita Herculano Pires, que retorna à grade da Globo.

A trama apresenta diversos núcleos narrativos que exploram conceitos espíritas, como reencarnação, obsessão, mediunidade e morte, além de abordar temas como vingança, amor, perdão, paciência e orgulho.

A reportagem sugere que o avanço da religião evangélica no Brasil contribuiu para a interrupção de obras com temática espírita ou relacionadas a religiões de matriz africana. Esse movimento teria se intensificado após a compra da TV Record pela Igreja Universal do Reino de Deus, que passou a investir fortemente em produções bíblicas.

Um dado relevante citado é a pesquisa do Datafolha de 2020, segundo a qual 31% dos brasileiros se declararam evangélicos. Para o pesquisador Marcos Meigre, doutor em Comunicação Social pela UFMG “a sociedade está vivendo e experimentando outras formas de crer, e a telenovela vai dar espaço para isso.”

Meigre também destaca no UOL:

“A telenovela espírita nasceu num contexto em que existia uma nova visibilidade para esse princípio doutrinário. Então, essa curiosidade, esse interesse em descobrir algo novo ia também para a televisão, para a telenovela. É o que acontece com essas novelas agora.”

Importante destacar que o Coletivo ECK não considera o Espiritismo uma religião formal.

Na lógica da TV aberta, que persegue diretamente a audiência, o Espiritismo acabou perdendo espaço — em parte como consequência do próprio movimento espírita federativo, que se consolidou como uma religião, e não como um movimento racional e cultural.

Essa reflexão remete ao texto do escritor Milton Medran, publicado no Portal ECK, intitulado “Espiritismo: proposta cultural ampla demais para aprisionar-se em conceitos formais”

“ Na verdade, o espiritismo é uma proposta cultural ampla demais para aprisionar-se em conceitos formais. Seu objeto, do qual, aliás, como o reconhece Herculano, as religiões se apartaram, é o espírito, o “princípio inteligente do universo”, como o define “O livro dos Espíritos”. Sendo o espírito o princípio inteligente, é também o ser mais dinâmico do universo. E dinamismo produz pluralismo. Não condiz com a idéia da verdade única, débil e falacioso patrimônio das religiões em agonia.”

Sem esse caldo cultural, ironicamente, nos contentamos hoje com memes do personagem Alexandre, da novela A Viagem, interpretado por Guilherme Fontes — que “desencarna” no início da trama e continua, em espírito, perseguindo os personagens em busca de vingança.

Na imagem, Alexandre (Guilherme Fontes) em ‘A Viagem’
Imagem: Divulgação/Globo

Links

UOL
A Viagem: por que não temos mais novelas espíritas?

Portal ECK
Espiritismo: proposta cultural ampla demais para aprisionar-se em conceitos formais, por Milton Medran – Portal Espiritismo com Kardec – ECK

 

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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