Sobre a quinta edição clandestina de 1869 de “A Gênese”, por Paulo Henrique de Figueiredo

Tempo de leitura: 4 minutos

Paulo Henrique de Figueiredo

Divulgar e restabelecer a teoria original de Allan Kardec, com o objetivo de colaborar com a regeneração da humanidade: eis a nossa missão!

Foi encontrado um exemplar da 5a edição de “La Genèse, les Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme”, que possui em sua capa o ano de 1869. Uma relevante descoberta, que está relacionada com a questão da adulteração da obra em 1872.

Já sabíamos da existência dessa edição desde o ano passado e passamos a estudar profundamente o contexto desse fato novo. Todavia, seria impossível para a Simoni Privato Goidanich citar essa edição em sua obra “O Legado de Allan Kardec”, quando pesquisou os documentos na França, pois ela é não só uma adulteração, mas também clandestina! Vamos demonstrar.

Compare a 4ª edição e a 5ª edição de “A Gênese”, ambas de 1869. Simplesmente analisando os detalhes das duas capas, já se pode deduzir informações importantes.

O pedido de impressão da 4a edição foi feito em 4 de fevereiro de 1869. Allan Kardec pediu que fizessem 2.000 exemplares. Todavia, por desencarnar em 31 de março, no mês seguinte, não pode anunciar essa reimpressão na “Revue Spirite”. Ele morreu antes do estabelecimento da Livraria Espírita, em seu novo endereço. Por isso, indica na capa, como em todos as suas edições: “bureau de la Revue Spirite, 59, rue et passage Ste-Anne”.

Veja agora a 5ª edição de 1869 agora encontrada, na capa: “Librairie Spirite et des Sciences Psychologiques”, em “7, rue de Lille”. Isso registra que essa edição foi publicada pelos continuadores responsáveis pela livraria após a morte de Kardec, ou seja, em data posterior à sua morte. Assim sendo, não foi publicada por Allan Kardec!

E quanto aos documentos legais desta 5a edição que confirmariam oficialmente todas as informações sobre ela, existem? Não existem. Simplesmente, após uma pesquisa minuciosa tanto na Biblioteca Nacional quanto nos Arquivos Nacionais da França, empreendidos por mais de uma vez este ano, por pessoas diferentes, confirmam que NÃO existe nem pedido de impressão nem depósito legal. Como se trata de conteúdo novo em relação à edição original, seria obrigação legal fazer tanto o pedido ao Ministério do Interior como depositar um exemplar na Biblioteca. Temerariamente, nada disso foi feito! Trata-se de uma edição clandestina! Poderíamos até dizer, criminosa.

Nada foi noticiado na “Revue Spirite” sobre essa nova edição revista, corrigida e aumentada. Nem uma nota. Quando seria fundamental avisar aos espíritas sobre isso! Kardec não o fez, pois foi posterior à sua morte. Os responsáveis pela livraria não o fizeram, pois se tratava de uma edição adulterada e clandestina.

Há uma menção a essa edição clandestina de “A Gênese”, de 1869. E é a única. Está na referência das obras de Allan Kardec em “Le Livre des Médiuns”, edição 11ª, na contracapa foi grafado: “La Genèse, les miracles et les prédictions selon le Spiritisme, 1 vol., in-12, 5e édition”. Temos a declaração do impressor e depósito legal dessa edição de O Livro dos Médiuns: Declaração de impressor em 09/07/1869 e depósito legal em 16/07/1869. Ou seja, a única menção sobre essa quinta edição clandestina de “A Gênese”, de 1869 foi feita somente em julho de 1869, quatro meses após a morte do professor Rivail. Pelos mesmos responsáveis por essa edição clandestina de A Gênese!

Como essa edição de “A Gênese”, de 1869 foi, além de adulterada, também clandestina, o que fez Leymarie quando precisava publicar uma edição nova da obra em 1872? Ele Sabia que a 5ª edição, de 1869, era falsa, pois, tratando-se de um conteúdo novo, teve que fazer um depósito legal em 23/12/1872. Deveria ter declarado tratar-se de uma sexta edição. Revela sua culpa, ao repetir a numeração, omitir o ano na capa e publicar essa nova como sendo novamente 5ª edição!

A garantia da autenticidade da obra e de que seu conteúdo de fato espelha a vontade do autor repousa sobre o preenchimento dos requisitos formais de autorização de impressão e do depósito legal. Sem isso, seu conteúdo é falso, apócrifo, segundo a legislação da época. Alguém imagina, por absurdo, que o professor Rivail, tão cuidadoso com todos os seus documentos e sem nunca ter incorrido em qualquer ilegalidade em suas publicações, faria uma edição sem registro oficial? Portanto ilegal, clandestina e toda modificada? Sem avisar ninguém pela Revista Espírita? Está claro que ele pretendia fazer modificações nesse livro segundo os seus manuscritos, mas não o fez até a sua morte. Nem foram certamente essas falsas que encontramos nas edições adulteradas.

Conclusão: tudo o que a Simoni Privato afirmou em sua obra está vigente e intocável. apenas se acrescenta que a conspiração para adulterar a obra de Allan Kardec já se iniciou logo após a sua morte, alguns meses depois, por aqueles, como Desliens, que passariam o bastão do desvio para Leymarie desde 1871.

Temos muitas outras informações e documentos sobre o caso. Mas uma investigação adequada deve ser divulgada publicamente somente quando todos os fatos e detalhes estão apurados e esclarecidos ao máximo. Uma conclusão precipitada serve apenas para causar dúvidas, polêmica e divisão. Nada disso interessa à divulgação do Espiritismo. Portanto, vamos voltar ao assunto somente daqui a algumas semanas, quando vamos apresentar trabalho completo, como já havíamos planejado anteriormente.

Esperamos, assim, contribuir com os estudos desta Doutrina libertadora que não nos pertence, mas sim aos espíritos superiores que deram seus ensinamentos. Nós, espíritas, somos todos estudantes, e devemos divulgar e restabelecer a teoria original de Allan Kardec, com o objetivo de colaborar com a regeneração da humanidade. Os tempos estão chegados!

Nota do ECK:
[A] Artigo originalmente publicado no site do Teatro Espírita Leopoldo Machado (Telma).

Imagem de Pexels por Pixabay

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