Ode à Mãe, por Marcelo Henrique

Tempo de leitura: 2 minutos

Ode à Mãe

Marcelo Henrique

Queria te dizer…

Às vezes, quando eu fico só, a meditar, escuto lá no fundo uma voz… Ela me faz esquecer os problemas, as angústias do dia a dia. É verdade que isto não acontece com frequência, porque nem sempre damos vazão ao nosso eu-interior.

Entretanto, quando isto acontece… Ah! É como se um anjo de voz doce sussurrasse em nossos ouvidos, uma suave melodia que acalma e embala o ser.

Um instante a mais e já estamos a relembrar os dias longínquos (ou, nem tanto) da infância. Tu, que sempre tinhas as palavras de consolo e incentivo, que sabias o que se passava conosco, mesmo sem dizermos nada, e abrias os braços para envolver-nos em teu amor.

Lembro-me das primeiras descobertas: as atividades escolares, o pedalar de bicicleta, a bola, os amigos, a mesada, as festinhas, os namoros… Tu, sempre lá, a esperar uma novidade, que eu te contasse como tinha sido o dia, a prova, o trabalho, o passeio…

Muitas vezes, não tive tempo!

Estava cansado, preocupado ou aborrecido demais… Respondia por monólogos, como se a economia de minhas palavras pudesse te impedir de ver (e sentir) o que havia dentro de mim. Não! Isto nunca foi possível. Teus olhos sempre me perpassavam a carne e te faziam ver meu íntimo.

Dizem que isto acontece porque a ligação da mulher-mãe com o feto, pelo cordão umbilical, é tão intensa, que o filho é (e será sempre) um pedaço da mãe. Cá entre nós, tem de existir algo mais que isto, não é? Algo como um vínculo mágico, espiritual, como se os dois seres pudessem se fundir numa só essência…

Quando eu via teus cabelos brancos, teu semblante cansado, o peso das experiências sobre teus ombros. Procuro ver-te, hoje, lembrando dos dias em que te vi em lutas maiores, pelo pão, pelo conforto, pelo prazer… Não que estas lutas tenham terminado. O ser sempre está em atividade. Mas, quando a tela mental me mostra as tuas lutas, quero mesmo é descobrir de onde vêm tuas forças, para nelas me inspirar, nos embates em que me envolvo.

Tu és forte! A mulher é forte! E parir é o maior e mais digno exemplo disto…

Queria ter mais força e inspiração para escrever…

Homenagear-te com um poema ímpar, mas esbarro na minha própria imperfeição, quando as lágrimas teimam em rolar pela minha face.

Então, MÃE, guarda contigo estas lágrimas que agora derramo, por amor a ti.

Deus te abençoe! Eu te amo!

Imagem de Gregor Ritter por Pixabay

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

One thought on “Ode à Mãe, por Marcelo Henrique

  1. Os verdes olhos de minha mãe eram tão verdes que a distância chamavam a atenção. Que saudades que tenho. Muito grato por compartilhar e parabéns pelo texto.

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