Entre o legítimo e o ilegítimo, por Paulo Henrique de Figueiredo

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Paulo Henrique de Figueiredo

Investigando fatos, buscando provas, analisando argumentos, com isenção, sem estabelecer nenhuma hipótese inicial, a pesquisa encontrou provas jurídicas que demonstram a adulteração da quinta edição de “A Gênese”, sendo legítimas, apenas, as quatro primeiras, idênticas, publicadas exatamente como o autor as concebeu.

Em 2018 foi divulgado um vídeo-depoimento da pesquisadora e diplomata brasileira Simoni Privato Goidanich, autora da obra “El Legado de Allan Kardec” [“O legado de Allan Kardec, na versão publicada no Brasil, posteriormente], com cenas de sua pesquisa em documentos na Biblioteca Nacional da França para, definitivamente, provar que a versão mais divulgada da obra “A Gênese”, de Allan Kardec foi adulterada criminosamente, privando os espíritas de conhecer a mensagem original da Doutrina Espírita.

Tudo ocorreu quando da publicação da quinta edição da obra, em 1872, pelo responsável em dar continuidade à publicação e divulgação do Espiritismo, Pierre Leymarie. Ele passou a oferecer aos leitores espíritas, sem dar destaque algum na “Revue Spirite”, uma versão de “A Gênese”, revista, corrigida e ampliada pelo autor. Todos os dezoito capítulos foram modificados em dezenas de itens. Mas não foram apenas mudanças gramaticais, foi mesmo uma reviravolta quanto aos conceitos doutrinários.

Pela dedicação de Leymarie, as traduções autorizadas, as novas edições, toda a continuidade da difusão de “A Gênese”, desde três anos apenas do passamento de Allan Kardec passou a ser feita a partir da edição corrigida e ampliada.

Em 1884 – e Simoni descreve esse fato em sua obra –, o pesquisador Henri Sausse, amigo de Léon Denis e Gabriel Delanne, publicou um artigo bombástico: Uma Infâmia! Nele denuncia que “A Gênese”, em verdade, foi adulterada. Não teria sido iniciativa de Kardec, mas uma falsificação criminosa.

Questionada pelo presidente da Confederación Espiritista Argentina, Gustavo Martinez, ele próprio tradutor para o espanhol das obras de Kardec, Simoni Privato passou a investigar os fatos, buscando provas, analisando os argumentos, com isenção, sem estabelecer nenhuma hipótese inicial. Encontrou provas jurídicas, documentos registrados na Biblioteca Nacional da França que demonstram a adulteração na quinta edição. São legítimas apenas as quatro primeiras, idênticas, publicadas exatamente como o autor as concebeu.

* Artigo originalmente publicado no jornal “CCEPA Opinião”, órgão do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre, em sua edição n. 259, de janeiro/fevereiro de 2018. Republicado com pequenas alterações, como a atualização da linguagem, preservando a essência do conteúdo.

Imagem Michael-Gaid Pixabay

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