O privilégio de ter vivido a transformação do mundo, por Felipe Felisbino

Tempo de leitura: 2 minutos

Felipe Felisbino

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O mundo tecnológico oferece riscos à sensibilidade humana, se não for equilibrado com experiências afetivas, presenciais e simbólicas, pois, no fundo, não se trata de ser tecnológico ou não. Trata-se de continuar sendo humano com: presença, afeto, tempo, olhar, corpo, escuta e silêncio.

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Nós, da faixa etária compreendida entre 45 e 65 anos, somos uma geração privilegiada. Temos a graça de sermos ponte entre dois mundos, o analógico e o digital. Vivemos as cartas, vimos a máquina de escrever, o computador, a chegada da internet, do e-mail, as máquinas que entendem e respondem com naturalidade, e a inteligência artificial evolui a cada minuto. 

Mais do que observar, nós vivemos essas mudanças. Adaptamo-nos ao novo mundo sem esquecer o anterior. Carregamos em nós a memória de tempos mais lentos, mas também a capacidade de lidar com a velocidade das transformações contemporâneas. 

Não fomos espectadores passivos, mas protagonistas. Também experimentamos revoluções sociais e culturais profundas, novos modelos de trabalho, as relações sociais ganharam novas formas e o mundo se tornar, de fato, globalizado.

Hoje, convivemos com a Geração Alpha, que cresce em um universo altamente conectado, cercada de telas, algoritmos e inteligência artificial. Ela é moldada por uma era de incertezas, crises ambientais e sociais. 

Porém, ao mesmo tempo, essa nova geração traz consigo uma consciência ampliada sobre diversidade, inclusão e responsabilidade planetária. Nasce digital, sim, mas também mais atenta, mais crítica, mais aberta. O futuro que vislumbramos pode ser mais empático, sensível e colaborativo. 

Na expectativa da Geração Beta, as gerações deste momento devem de se preparar para inspirar, orientar e dialogar com os que virão, para que a tecnologia não substitua a humanidade, mas a potencialize.

A frieza não está no chip e nem todo código é frio. A tecnologia não é sinônimo de frieza. Pode ser ponte ou barreira. Cabe a nós orientarmos os que hão de vir, para que não se percam em si mesmos. O mundo tecnológico oferece riscos à sensibilidade humana, se não for equilibrado com experiências afetivas, presenciais e simbólicas, pois, no fundo, não se trata de ser tecnológico ou não. Trata-se de continuar sendo humano com: presença, afeto, tempo, olhar, corpo, escuta e silêncio.

A maturidade humana adquirida nas travessias geracionais derrete na ação de alguns que incorporam os bebês “Reborns” — bonecos ultrarrealistas, os quais se parecem com recém-nascidos, adotados por adultos que os tratam como filhos, vestem, alimentam, colocam para dormir [1]

Em princípio, parece apenas uma extensão inofensiva do afeto. Entretanto também pode revelar um esvaziamento profundo da afetividade real, substituindo o toque humano pela fantasia, anestesiando a ausência do outro, o toque verdadeiro, o calor do abraço, o cheiro da pele.

A realidade nos chama: é preciso reconectar o humano com o humano. Não apenas simular vínculos, mas vivê-los com a capacidade de amar e sermos amados, em efetiva presença.

Nota do ECK:

[1] Esta temática foi também abordada no seguinte artigo, em nosso Portal:

Henrique, M. (2025). O Direito de Existir ante os Tribunais de Internet e as Doenças Humanas: o caso “reborn”. Espiritismo Com Kardec – ECK. Disponível em <https://www.comkardec.net.br/o-direito-de-existir-ante-os-tribunais-de-internet-e-as-doencas-humanas-o-caso-reborn-por-marcelo-henrique/>. Acesso em 15. Jun. 2025.

 


Edição: Junho de 2025

 

Editorial: Kardec ante os paradoxos humanos, por Nelson Santos e Manoel Fernandes Neto

Conflitos e Progresso, por Marcelo Henrique

Estamos cansados! Mas…, por Maria Cristina Rivé

É preciso retomar algumas práticas esquecidas, por Cláudio Bueno da Silva

O papel de cada um na transformação do Mundo, por João Afonso G. Filho

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Um toque de esperança , por Saara Nousiainen

A mão direita e a mão esquerda: o paradoxo espírita – entre a discrição no bem e a necessidade de anunciá-lo, sob o olhar da Senhora dos Infortúnios Ocultos

 

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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