Júlia Schultz
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Se alguém opta por estar do lado de outra pessoa é importante procurar tratá-la da melhor forma possível.
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Ao escrever o poema “Ah o Amor”, em certo momento, para dar um recado aos amigos não-solteiros (ou aos casais que não fossem necessariamente casados), Mário Quintana diz:
“O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser”.
Isto poderia ser visto apenas como mais um ditado dentre tantos tirados de poemas sobre o tema em questão; porém, além de belo, este fragmento diz algo que pode ser entendido como uma grande verdade sobre o amor.
Sem entrar no mérito da diferenciação entre amor e paixão – o que não faz parte deste ensaio -, podemos entender que o amor está presente quando duas pessoas formam um casal, mas, nem sempre, um casal que esteja junto sente, necessariamente, amor. Pode estar junto por conveniência, por se acostumar com o outro, por medo de ficar só, ou por muitos motivos que não sejam propriamente o amor.
Sabemos que, em qualquer relacionamento, as pessoas se transformam a partir da convivência com o outro. Algumas manias são adquiridas, alguns costumes são trocados, certas atitudes são deixadas de lado, enquanto outras são incorporadas… De tanto conviverem, passam a pensar de modo parecido acerca de alguns assuntos e, às vezes, o olhar de um é suficiente para enviar uma mensagem ao outro; assim, aprendem a viver melhor com a outra pessoa, compartilhando a sua forma de ser e adquirindo um pouco da forma do outro ser.
Quando uma pessoa passa a viver ao lado de alguém e após algum tempo se transforma em avarenta, triste ou amarga, por certo não sente (mais) um amor lindo, não aquele amor a que Quintana se referia. Em contrapartida, há quem, após formar par com alguém, passa a ser (muitas vezes mais) alegre, bondoso, atencioso, o que não lhe tira as características humanas de muitas vezes se irritar, brigar, chorar, sofrer… Mas bem longe do primeiro caso, passa a ser uma pessoa que dissemina a alegria por onde anda, isso porque interiormente sente-se bem e ao lado dela tem, muito provavelmente, alguém que lhe ama, o que o faz refletir naturalmente nas atitudes do seu dia-a-dia com as outras pessoas.
Não há uma fórmula para que os casais vivam o amor lindo a que Quintana se refere; mas, por certo, não seria fazendo aquele que está ao nosso lado sofrer. Se alguém opta por estar do lado de outra pessoa – o que a lei de liberdade nos dá como opção e não imposição ou planejamento encarnatório à moda humana, uma vez que as leis divinas estão sempre muito à frente da nossa capacidade de interpretar os fatos – seria importante procurar tratá-la da melhor forma possível e, assim, certamente, o outro levará sempre consigo mesmo aquilo que de bom tem a oferecer às outras pessoas, transformando-se naturalmente no melhor que ele poderia ser!
Foto free Pixabay
Obrigada Ju pelo seu texto que nos convida à reflexão do que é uma convivência saudável e se possível mantendo o amor. Ninguém diz que é fácil, mas é possível. O amor vai-se transformando ao longo do tempo e felizes dos que conseguem adaptar-se a essas formas diferentes de amar,aceitando e vivenciando o companheirismo com cumplicidade saudável. Obrigada pelas doces palavras.