Análises e inspirações na busca da “perfeição moral”, por Ana Cláudia Laurindo

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Ana Cláudia Laurindo

Quando compreendemos que fora da verdade não há perfeição, encontramos obstáculos onde antes não percebíamos, pois grande número de encarnados ainda se basta na performance da virtude, seguindo rituais e bulas, na inserção agregadora dos grupos dirigentes, que atuam na repetição de gestos. Por vezes, o crescimento nos pede atitudes novas.

Nosso primeiro desejo é que o contato com as palavras vivas trazidas pelos bons Espíritos e escritas por Allan Kardec possam aquietar nossos pensamentos neste exercício contínuo de compreensão sobre o ser humano\espiritual que somos, afastando de nós os acessórios psíquicos comumente chamados de ilusões.

Se ainda não logramos alcançar grandes virtudes, quando despidos das crenças ilusórias acerca de nós mesmos, estaremos mais aptos a evitar as arrogâncias cristalizadas, que se tornam impeditivas à verdadeira caridade, por sua vez apontada como significativa rota de aperfeiçoamento moral.

De acordo com “O livro dos Espíritos” a mais meritória das virtudes é aquela que se mostra na prática caritativa desinteressada. Assim, será nos meandros relacionais imbricados na vida real, com todos os limites e fragilidades do caráter humano nela presente, que podemos nos tornar virtuosos, em maiores ou menores proporções e intensidades. O grau de verdade dos gestos espontâneos concorre para a elevação moral.

Assim como não corroboramos para a sublimação evolutiva dos ativistas espíritas, também não distanciamos de nós mesmos as possibilidades de transformações íntimas, que nos aproximem da perfeição moral. Consideramos importante valorizar os esforços de aquisição de conhecimento em todos os âmbitos, pois concorrem para o engrandecimento do ser. Nesta saga que movimenta corpo e mente, o saber sobre o mundo das formas e seus habitantes nos torna coadjuvantes da grande conquista humano/espiritual que é a percepção da continuidade da vida, em lufadas de esperança e renovação.

Mesmo imersos em processos históricos com larga margem de desequilíbrio psicossocial, a absorção e reprodução das energias pacificadoras, apaziguadoras, indicam o teor das nossas buscas, na recusa das acomodações alienantes, que adormecem o senso de autonomia.

A posse da autoconsciência é um divisor de maturação. Mas agir com humildade é um preparo necessário, para não confundir altivez com arrogância. Quando compreendemos que fora da verdade não há perfeição, encontramos obstáculos onde antes não percebíamos, pois grande número de encarnados ainda se basta na performance da virtude, seguindo rituais e bulas, na inserção agregadora dos grupos dirigentes, que atuam na repetição de gestos. Por vezes, o crescimento nos pede atitudes novas.

Não precisamos de virtudes para expor, angariando admiração e louvor de quem caminha ao nosso lado, com o mesmo propósito evolutivo. Algumas cargas de paixões podem pesar na estrada comum e liberar convicções antigas pode ser providencial para a maturidade espiritual. Sob a orientação iluminadora, o ser consciente se descobre dono de processos íntimos, a serem conhecidos, aceitos, trabalhados; aprendendo com isso a olhar para o outro com mais empatia, respeitando suas lutas. As relações entre os seres seguem como elos fundamentais entre o que vulgarmente chamamos de terra e céu.

Quando as sombras materialistas embaraçam intenções, o fortalecimento dos princípios solidários confortam a essência. Aperfeiçoar nossas concepções e atitudes, frente ao mundo exterior será sempre uma resposta nascida do Espírito transformado pelos contatos do amor. Assim sendo, a perfeição moral é uma conquista espiritual ativa, partindo do bem viver.

Sua presença reluzente está entre nós, nas boas ações aplicadas, nos bons sentimentos investidos, no cultivo da utilidade ao ser vivo. Porém, estamos no meio das imperfeições. E a consciência sobre os nossos erros pode mobilizar energias de reparo e serviço acolhedor, sem desperdiçar sensibilidades e, principalmente, oportunidades.

O amor é uma energia atemporal, que tem nos permitido recomeçar. Assim percebemos cada encarnação. Mas se aqui estamos, existem chamados nesta exata hora. A busca pela perfeição moral nos instiga a buscar apaziguar as dores sociais enquanto com gestos e palavras cultivamos a esperança de vivermos tempos mais felizes e o alcance do bem coletivo disseminado nesta ética de convívio fraternal não contabilizamos em recursos humanos.

A caridade tem luz, não precisa barganhar reconhecimentos de beneméritos, por essa razão o anonimato sabe mais da perfeição moral de cada Espírito, do que os holofotes da vaidade.

Essa busca envolve intenções saudáveis. No entanto, isso não significa isolamento do mundo, muito menos a negação da maldade instituída que tanto desafia o senso crítico espírita, e em uma base geral, o senso humano de justiça social.

Já sabemos que não será pelo distanciamento asséptico que alcançaremos melhores posições morais desde este mundo, porque as lágrimas que nos compete secar escorrem no chão do abandono e no território das exclusões.

Abençoando o corpo que nos permite a manifestação material, constituímos sociedades que padecem através dele as dores da fome e da miséria, como reflexo do desamor naturalizado, ao qual desafiamos todas as vezes que conseguimos, de modo incondicional, amar as coletividades. Neste instante percebemos por quais razões, não tem sido fácil para as sociedades materialistas incentivarem o verdadeiro amor.

A perfeição moral em seus perfis individuais e coletivos será ampliada quando a solidariedade for vitoriosa e os valores do existir puderem ser partilhados igualmente entre nós.

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

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