O mal no coração humano, por Nelson Santos, Manoel Fernandes Neto e Marcelo Henrique

Tempo de leitura: 3 minutos

Nelson Santos, Manoel Fernandes Neto e Marcelo Henrique

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“O mal não poderia ser cometido sem ter algum autor. Mas caso me perguntes quem seja o autor, não o saberia dizer. Com efeito, não existe um só e único autor. Pois cada pessoa ao cometê-lo é o autor de sua má ação”, Agostinho de Hipona.
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Mais uma vez assistimos, estarrecidos, a um ataque realizado contra uma creche, chacinando impiedosamente crianças, pequenas crianças, indefesas, na aurora da inocência; perguntamo-nos – Quem sabe o mal que se esconde no coração humano?

A iniquidade e a crueldade de um ser humano podem resumir-se a um surto psicótico ou tal ato está profundamente enraizado no id a tal ponto que torna-se impossível a compreensão? Freud enuncia que:
“A maldade é a vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos e nossa cultura”.

Mas isto basta para a compreensão da ignominia?

Vivemos tempos tenebrosos, fortemente influenciados pelo ex-mandatário de nosso país que, com sua retórica de “verdades”, expôs seu “modus operandi”, sua visão de mundo, e, por sua vez, influenciou, uma sociedade humana, por sinal, doente, carcomida, racista, arcaica e extremamente conservadora, em que achaques, violências e truculências seriam a mais pura e legitima manifestação de inconformismo social em que ela está imersa.

Mas, o inconformismo social, travestido, ora, em violência cruel e descabida, está no que consideramos humanamente normal ou moral? Ou, se estivéssemos bem atentos, haveria a antevisão dos fatos permitindo à sociedade refletir e precaver-se diante de acontecimentos como este?

O Espiritismo e os ensinos daquele que nos serve de modelo e guia, Jesus de Nazaré, pode brindar-nos com reflexões, mas, não blindar-nos contra a insanidade de outrem. Não demorará para ouvirmos/lermos em tribunas e reuniões ou em artigos ou publicações nas redes sociais, que aqueles infantes e seus familiares e entes mais próximos estariam diante de expiações ou resgates, numa desculpa que se configura como canhestra e míope interpretação dos verdadeiros ensinos dos Espíritos Superiores. Balela e ilusionismo de quem não estuda Kardec e não conhece o processamento das leis espirituais.

Nisso, é crucial voltarmos as nossas atenções à questão 932 de “O livro dos Espíritos”:
Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?
– Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.

Ponderando, ainda, sobre a resposta dada pelas Inteligências Invisíveis, nos apercebemos dos caminhos que levam a humanidade ao ponto de barbárie, a qual nos confronta pesarosamente diante de nossa timidez – ou de nossa omissão – já que é essencial nos considerarmos corresponsáveis por esta ambiência, porque ainda não conseguimos nos livrar deste atual estágio, em que a violência intrigante abarca a sociedade.

Neste contexto, como então proteger nossas crianças da violência virulenta e premeditada dos maus? Refletindo um pouco mais, não se trata “apenas” do executor, mas, também, dos maus que aproveitam-se desses fatos para disseminar a maldade, gerando o pavor, desespero e o sentimento de impotência, perante o ato vil, elementos que potencializam e permitem um ambiente favorável aos que disso se aproveitam, a ação indireta de outros maus.

Entretanto, quando cientes e despertos para uma realidade social abrangente, teremos a solução, pois, depende dos bons, no que a Espiritualidade asseverou ao afirmar: “quando estes o quiserem, preponderarão.”

Assim, somente quando o ser humano e a coletividade pararem de se assegurar de seu bem exclusivo – a paz individual, gerada pela ganância, orgulho e vaidade – ampliando a tarefa de construir a paz coletiva, assumindo-se como bom, a destacada omissão cessará, havendo assim o combate à violência, a falta de moral e ética, não nos cabendo mais a confortável posição de isentos. Em outras palavras, necessário é, então, assumir efetivamente a preponderância: não basta apenas querer, mas é necessário fazer.

Passou do momento em que a inanição dos pilares da justiça social e humana servem de palco a mais um fato hediondo e condenável, para realizarmos a parte que nos cabe: o bem a que nos destinamos!

 

Imagem de Ana por Pixabay

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

8 thoughts on “O mal no coração humano, por Nelson Santos, Manoel Fernandes Neto e Marcelo Henrique

  1. Um texto magnífico, pontualíssimos a questão 932 do livro dos espíritos: – Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.

    Espero que em breve o homem se evoluam para não ser egoísta e melhorar esse cenário atual.

  2. “… é preciso fazer. ” , diz o texto. Concordamos totalmente. E queremos dar uma sugestão objetiva, e não generalizante, do que fazer.
    Fique atento, estude, discuta, e lute contra a aprovação da Reforma do Ensino Médio. Se já está ruim, ficará horrível se aprovada. “Como ficar rico” é uma das matérias do novo currículo.
    Ela formará trabalhadores para o neoliberalismo e “empreendedores” de carrocinha de pipoca. E é pra ontem.
    Busque entrevistas do Professor Daniel Cara para se informar. E parta pra luta.
    Precisamos brigar pela “saúde” das próximas gerações.

  3. Aduzo a tudo escrito, em gênero, número e grau. Ser bom não é ser passivo e conformista. É mover-se para o progresso de todos.

  4. Num plano de imperfeições posicionar-se diante as injustiças para alguns e cair de joelhos e rogar ao Divino a solução dos problemas do mundo. No que toca ao espiritismo, a falsa ideia da “caridade” empregada em seu meio, fez prosélitos seduzidos pelas indulgências do plano perfeito de “nosso lar”. Daí o silêncio e/ou conivência diante sei próprio reflexo social.

  5. Num plano de imperfeições posicionar-se diante as injustiças para alguns e cair de joelhos e rogar ao Divino a solução dos problemas do mundo. No que toca ao espiritismo, a falsa ideia da “caridade” empregada em seu meio, fez prosélitos seduzidos pelas indulgências do plano perfeito de “nosso lar”. Daí o silêncio e/ou conivência diante sei próprio reflexo social.

  6. Muito bom posto!! Lembra-nos não só a questão das chacinas, mas também a postura omissa ou de incitação em relação ao conflito Rússia x Ucrânia.

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