Mulheres em Luta: a contribuição espírita, por Maria Cristina Rivé

Tempo de leitura: 3 minutos

Por Maria Cristina Rivé

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O Professor Rivail, conhecido e aclamado na educação francesa, pode ser considerado um daqueles homens que deram a mão às mulheres. Mas estas seguem em lutas, porque a contribuição espírita no sentido da isonomia entre mulheres e homens, ainda não é realidade neste planeta.
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Muito se fala em feminismo e em emancipação da mulher. Todavia, a misoginia escreve a história humana em todos os tempos e em vários – senão em todos os – territórios do Planeta. Neste 2023, em pleno século XXI, a luta é ainda muito árdua, muito incompreendida e combatida inclusive pelas que são alvo dessa forma cruel de apagamento da História.

Grandes mulheres foram esquecidas, outras foram deliberadamente minimizadas em suas lutas, em seus espaços e em suas construções. É o silenciar da caminhada feminina nas suas mais intensas lutas.

Se somente voltarmos dois séculos, especificamente na época da escravização, teremos como personagens marcantes, ainda que pretos, três homens. Parecendo, com isso, que as mulheres não intervieram no processo de Abolição. Acredita-se que isso não deva ter acontecido assim, mas, ao olharmos nos livros de história, em especial os mais antigos, elas pouco (ou nada) aparecem. Todavia, elas existiram e existem, porque o legado ficou como que entranhado naquelas que aprenderam a se rebelar e a contestar. Foram as que se dispuseram a não simplesmente aceitar o que está e o que é.

Uma em especial, Dandara dos Palmares – e há os que negam sua importância ou sua existência – remanesce vive em cada mulher que nesse oito de março – mas, também, em todos os demais dias – flagrante em cada um dos minutos da existência, que constituem uma superação. Se a sociedade lhe nega a importância, ela, a mulher, se constrói em cada passo, em cada palavra para modificar o que lhe quer ser negado.

Não somente tu, Dandara! Mas, Maria Felipa, Leila Diniz, Rosa Luxemburgo, Michelle Obama, Dilma Roussef, entre tantas. Como as Donas Marias, moradoras do fim da rua, que revolucionam silenciosamente e, ao desencarnarem, deixam o seu legado para que mais e mais mulheres não se contentem com o lugar ou de coadjuvante ou acerca do seu apagamento da história.

O Professor Rivail, conhecido e aclamado na educação francesa, pode ser considerado um daqueles homens que deram a mão às mulheres. Em seu trabalho pioneiro, “O livro dos Espíritos”, perguntou de onde vinha a inferioridade moral/a subjugação das mulheres, existente em alguns países, recebendo orientações importantes acerca da igualdade e da isonomia entre mulheres e homens. Somente um Espírito com uma percepção aguçada para aquela época teria a capacidade e a antevisão de fazer essa pergunta.

Por isso, não deve ter sido fácil sua luta. Ao seu lado – ombro a ombro –, registre-se, sempre, estava aquela que lhe encantara com seus atributos morais e com quem ele se permitiu viver um amor, calcado na fidelidade de sentimentos, de princípios, de ideias, em suma, uma unidade “que o tempo não apagou”, nem apagará, porquanto verdadeiro.

Madame Amélie-Gabrielle Boudet, filha única, estudou em Paris, formou-se em Belas Artes, escrevendo três livros em sua área de formação. Depois, conheceu Rivail, casou-se com ele e, juntos, Amélie Boudet e Allan Kardec trabalharam na construção de uma Filosofia que tem como escopo auxiliar na transformação ético-moral do ser humano, Espírito encarnado.

Arrojada, Amélie ajudou o marido, não somente financeiramente, mas, sobretudo, com sua companhia e apoio espiritual permanente. E, ao ficar viúva, Amélie teve a ajuda de outra mulher excepcional: Madame Berthe Froppo. É ela quem conta, na obra “Muita Luz”, toda a sorte de agruras e o assédio moral que os “companheiros” (espíritas!) de seu marido impuseram à sua amiga Amélie que, por ser mulher e também idosa, não teve a condição de gerir o trabalho deixado por Kardec, em face do pensamento misógino comum à época e comum, também, ainda, na atualidade. Como é dolorido ainda se viver isso!

A todas as mulheres, a cada instante e, em especial, neste 8 de março, agradecemos e registramos a coragem e a determinação com que encaram e enfrentam os desafios. E, se o mundo muda, progride, porque nós é que nos transformamos e crescemos, para propiciar ambientes com mais paz e felicidade.

Sejamos nós, mulheres, por isso, as marcas do futuro, mas, agora, no presente! É esta a contribuição espírita para a verdadeira isonomia entre mulheres e homens.

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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