Marcelo Henrique
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São quase 35 anos de saudade do rebelde romântico, Gonzaga Jr., que, se tivesse continuado entre nós, estaria Oitentinha. Ou Oitentão, em função da sua estatura musical e da expressão maior da resistência democrática diante dos fascismos de ontem e os de hoje. Viva Gonzaguinha!
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“O Dina
Teu menino desceu o São Carlos
Pegou um sonho e partiu
Pensava que era um guerreiro
Com terras e gente a conquistar
Havia um fogo em seus olhos
Um fogo de não se apagar” [1]
Preliminares
Ouço, pois, Cecília Meireles (1901-1964), como a sussurrar em meu ouvido [2]:
“Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo…
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.”
E isso me faz relembrar o “Guerreiro Menino” [3] que, neste setembro, relembramos. Pois Gonzaguinha, e seu sonho a realizar, foi e se foi…
Oitenta! Se encarnado e entre nós estivesse – porque vivo está e segue, como Espírito, sua trajetória de progresso – Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (1945-1991) teria feito “oitenta primaveras”. O lirismo dessa expressão, alusiva à idade cronológica, se encaixa ainda mais com Gonzaguinha, posto que, em 22 de setembro de 1945, dia do seu natalício, a estação era primaveril.
Se foi muito cedo o moço – com quarenta e seis – e tragicamente, como veremos adiante. Neste contexto, novamente Cecília (com Raimundo Fagner) nos vem à tela mental, fundindo a poesia à vida gonzaguiana [4]: “Eu ainda sou bem moço pra tristeza, Deixemos de coisa, cuidemos da vida, Senão chega a morte ou coisa parecida, E nos arrasta, moço, sem ter visto a vida”.
Moleque Luizinho: a infância de muitas dores
Este era o seu apelido de infância. Batizado Luiz Gonzaga Nascimento Júnior, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), filho adotivo da cantora e dançarina da noite da (então) capital brasileira, uma frágil mulher, Odaléia Guedes dos Santos (1925-1948) – a Léia (companheira de Elizeth Cardoso e de outras estrelas da música da época) – e do cantor e compositor Luiz Gonzaga (1912-1989), cognominado de “Rei do Baião”. Apesar de não ser filho biológico – porque a cantora já estava grávida e Gonzagão resolveu assumir a criança –, pode-se falar numa “paternidade espiritual”, porque ninguém menos do que Gonzaguinha soube traduzir, como seu pai, em versos e acordes, os mais variados estados d’alma do Brasil e dos brasileiros.
Nos depoimentos de quem viveu esses dias, nas grandes cidades brasileiras em que a boemia era a tônica, Odaléia portava um pequeno cartão, entregue aos frequentadores dos bares e boates, em troca de alguns trocados por uma dança de salão ou uma valsa. Foi neste ambiente insalubre, no sereno, entre cigarros e bebidas, com poucas horas de sono, que a dama da noite adquiriu a doença que a levou do plano físico, chamada, à época, de peste branca.
Léia já havia começado a manifestar os graves sintomas da tuberculose, quando se apresentava nas noites – o que motivou seu pai a afastar o menino de sua convivência. Curioso é que, mesmo distante da mãe, anos depois, aos quatorze, ele também contraiu a doença – moléstia que o acompanhou e o afligiu em outros momentos da vida). Trágicas coincidências que a vida não explica nem justifica…
A própria canção de Gonzaga Jr., “Odaléia, Noites Brasileiras” (1979) registra a dor materna, que também era (intimamente) sua: “Minha cantora esquecida das noites brasileiras / te amo / compositora esmagada dessas barras brasileiras / te amo / minha heroína doente do peito / minha menina de luta / minha morena catita / ah ! minha preta / furando cartão / cantando nos becos / tossindo nos cantos / o lenço na boca, o sangue / a mão na garganta / a perna já bamba / a força não tanta / a vida tão tonta”.
Aí figura o caráter sensível do compositor, neste hino de piedade e amor direcionado à saga de sua sofrida mãe, como agradecimento pelo afeto daqueles poucos meses de convivência – e que o coração e a memória registram, sobre a “morena catita”, sua estrela-guia.

Com a morte de Léia, Gonzagão se casou novamente, agora com Helena das Neves Cavalcanti, uma pernambucana que não aceitou que o menino fosse trazido para a convivência do casal, o que o levou a ter pais adotivos. Luizinho, então e por isso, também, tornou-se uma criança e um adolescente rebelde, enviado sucessivamente a vários colégios internos para sua disciplina e educação, como em entrevistas o pai seguidamente relatou.
O distanciamento do pai aumentou por causa da condição de ídolo nacional, com uma carreira cada vez mais consolidada, na forma de uma vida peregrina com muitos shows por cidades brasileiras, como relatam os versos de uma de suas mais célebres canções – também gravada pelo filho – o baião “A vida do viajante” (1953): “Minha vida é andar por esse país / Pra ver se um dia descanso feliz / Guardando as recordações / das terras onde passei / Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei / Chuva e sol, poeira e carvão / Longe de casa, sigo o roteiro / Mais uma estação/ E alegria no coração”.
Ainda assim, os Gonzagas, pai e filho moraram juntos quando ele tinha dezesseis anos, na Ilha do Governador (RJ), numa tentativa de aproximação e convivência. Mas a rebeldia juvenil tornou a relação bem conflituosa. E, destaque-se, sempre presente no rebento estava a vontade de orgulhar o patriarca: como músico e como filho, daí a maior de suas permanentes ausências, o reconhecimento paterno.
Dramas da vida inteira
A morte da mãe, na primeira infância, deixou marcas profundas no Espírito Gonzaga Jr. A ela ele dedicou a canção “Eu apenas queria que você soubesse” (1987). Como se lhe sussurrasse ao ouvido, ele disse à genitora: “Eu apenas queria que você soubesse / que aquela alegria ainda está comigo / e que a minha ternura não ficou na estrada / não ficou no tempo presa na poeira”.
Voltando à música dedicada à mãe, Gonzaguinha fala de si e de todos os seus “calvários”: “eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta / que hoje eu me gosto muito mais / porque me entendo muito mais também / e que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora / é se respeitar na sua força e fé/ e se olhar bem fundo até o dedão do pé / eu apenas queria que você soubesse / que essa criança brinca nesta roda / e não teme o corte de novas feridas / pois tem a saúde que aprendeu com a vida”.
Com suas canções, assim, encarou tanto a brabeza do mundo quanto a do “destino”, até seus últimos respiros…
Talento Precoce: a música como referência
Rejeitado pela madrasta, o garoto foi viver aos cuidados de um casal amigo da família: Dina (Leopoldina de Castro Xavier) e Xavier (Henrique Xavier – apelidado de Baiano do Violão), moradores do Morro de São Carlos, no bairro do Estácio (de Sá), zona central da capital fluminense. Com os pais adotivos, Gonzaga Jr. pôde viver uma infância tranquila, embora humilde, com alguma liberdade.
É com Xavier que Gonzaguinha aprende os primeiros acordes de violão e passa a conviver com vários músicos, em “saraus” e rodas de conversa e violão, na casa de um dos amigos de seus pais adotivos, o psiquiatra Aluísio Porto Carreiro. Conhece, assim, o músico Pafúncio, vendedor de caranguejos e membro da ala de compositores da Unidos de São Carlos. Voltando a Carreiro, sua filha Ângela acabou se tornando a primeira esposa, com quem teve os filhos Daniel e Fernanda.
O “cria” do morro então, compôs sua primeira música, aos 14 anos, “Lembrança de Primavera”, que o pai, Gonzagão, gravou (1964). Nos versos, todo o lirismo infantil, em uma metáfora em que a primavera representa o florescimento das primeiras paixões juvenis: “Passei por mil desenganos / Nunca mais te esqueci / Agora eu choro a saudade / Que no meu peito ficou / Lembrando a felicidade/ Que de mim você roubou / Acho que foi por maldade / Que a saudade em mim ficou”.
Estava aí, a marca do romantismo e da melancoliza gonzaguiniana que iria acompanhar o artista e suas composições por toda a sua (luminosa, mas curta) carreira.
A universidade e os festivais
Além da genealogia, com pais músicos e na ambiência do seu segundo lar, entre os Xavier, Gonzaguinha também foi “bafejado” pela convivência com artistas. Os ambientes férteis da academia – onde cursou Economia na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes (RJ) – e as rodas de conversa e música na casa dos pais adotivos, propiciou-lhe o contato com personalidades que depois viriam a se tornar luminosos expoentes da MPB – Ivan Lins, Aldir Blanc e César Costa Filho. Com eles, participou da fundação do Movimento Artístico Universitário (MAU), no fim da década de 60 e que alcançou, em meados de 70, boa aceitação do público e relativo sucesso, tanto para a criação/difusão de músicas livres, descontraídas e despojadas, como potencializando o combate ao totalitarismo vigente. O MAU era tanto um locus de experimentação musical quanto ambiente de crítica social associada às articulações de resistência em relação ao regime militar.

Em um trabalho acadêmico, Gabriela Cordeiro Buscácio, historiadora, em sua tese de doutorado (UFF/RJ), “O tempo não para: a década de 1980 através de Gonzaguinha e Cazuza” (2016), destaca: “A geração do AI-5, que era jovem durante fins da década de 1960 e nos anos seguintes, cantava sua experiência com a vida política do país ainda focada na canção engajada bossanovista. Gonzaguinha foi um importante exemplar desse grupo. A juventude da década de 1980, que havia nascido já durante a ditadura militar, tinha uma desesperança com o fim das utopias, se diferenciando da geração anterior”.
Foram nestes festivais que ele conviveu com Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Geraldo Vandré, entre outros – todos, aliás, “alvos” do regime militar brasileiro na época de exceção. Num deles, em 1968, foi o finalista com a música “Pobreza por Pobreza”. E, no ano seguinte (1969), ganhou o primeiro lugar com a música “O Trem”. Nela, a ácida crítica à indiferença geral, à apatia de não lutar contra as injustiça, o dar de ombros em relação às dores alheias (de muitos): “Viva o tempo sorridente que me abraça! / Viva o copo de aguardente que me abraça! / Morte ao trabalhador sem valor! […] Uma prece, um pedido / Um desejo concedido a você na omissão, amém! / Uma prece, uma graça / Pelo pranto sem espanto e a saudade consentida, amém!”.
Em 1970, no V Festival Internacional da Canção, da TV Globo, Gonzaga Jr. emplacou as músicas “Um Abraço Terno Em Você, Viu Mãe?”, e “Mundo Novo, Vida Nova”.
Já entre 1970-71, Gonzaguinha e outros expoentes do MAU estiveram presentes no programa “TV Globo Som Livre Exportação”, apresentado por Ivan Lins e Elis Regina, durante quase um ano, apresentando diversas canções.
Mas a “vibe” dele era outra: a de apresentar uma obra politicamente engajada. Como expressa a música “Palavras” (1973), diante de uma população marcantemente dócil e submissa aos coturnos: “Palavras, palavras, palavras / Desde quando sorrir é ser feliz? / Cantar nunca foi só de alegria / Com tempo ruim / Todo mundo também dá bom dia!”.
Mas foi no Programa Flávio Cavalcanti que ele experimentou a grande guinada em sua carreira, ao apresentar “Comportamento Geral”. Ao terminar a execução, muito aplaudido, sofreu pesadas críticas dos jurados do quadro, intitulado como terrorista, sendo que um deles bradou por sua extradição. No dia seguinte, recebeu uma advertência da censura. Pode-se dizer que essa polêmica alavancou sua música para os primeiros lugares da “parada de sucessos”, esgotando seu compacto (mais de vinte mil exemplares). Curioso é que a censura, nesse caso, vetou a execução/exibição pública da música, mas não a venda do disco.
Vejamos parte da letra: “Você deve estampar sempre um ar de alegria / E dizer: tudo tem melhorado / Você deve rezar pelo bem do patrão / E esquecer que está desempregado […] Você deve aprender a baixar a cabeça / E dizer sempre muito obrigado / São palavras que ainda te deixam dizer / Por ser homem bem disciplinado […] Você merece, você merece / Tudo vai bem, tudo legal / Cerveja, samba, e amanhã, Seu Zé / Se acabarem teu carnaval?”. Presentes a ironia ácida e o convite à mudança!
Gonzaga Jr. foi, então, levado ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) [5], para “explicações” e “justificações”. O fato é que o cantor era, de fato, extremamente crítico ao regime militar, sendo visado pelo DOPS, no que teve 54 (de suas, então, 72 músicas) censuradas. atitude crítica e engajada, com canções de protesto. Uma delas foi “Comportamento Geral”, que se tornou símbolo de sua interlocução firme com os dilemas sociais e políticos da época [6]. No auge dos anos de chumbo, Gonzaguinha, mesmo assim, emplacou três discos (“long players”, ou LPs – discos de vinil: “Gonzaguinha” (1974), “Plano de Voo” (1975) e “Começaria Tudo Outra Vez” (1976).
Ainda no ano de 1975, esteve em turnê pelo Nordeste, ampliando sua notoriedade nacional, junto a Paulinho da Viola, Fagner e Amelinha. Foi neste ano que o artista dispensou seus empresários, passando a ser um artista independente.
Esta vinculação ao coletivo, nos festivais e entre amigos levou Gonzaga Jr. a ser uma das maiores e destacadas vozes para a valorização da produção cultural e musical em nosso país. Fundou, com tais amigos, a Sombrás, uma associação de músicos, avançando sobremaneira na questão dos direitos autorais das composições, cujos frutos são presentes até hoje, beneficiando, inclusive, os artistas mais novos, iniciantes.
A genial estratégia diante da perseguição do regime
Este último “LP”, de 1976, representou uma estratégia muito importante para a carreira do músico. Mesmo com várias temáticas de militância político-social, ele apostou no romantismo explícito, utilizando vários artifícios poéticos, como o duplo sentido, assim como metaforizando as lutas – tal qual Chico Buarque – em “brigas de casal”: “Começaria tudo outra vez / Se preciso fosse, meu amor / A chama em meu peito ainda queima / Saiba, nada foi em vão […] E então eu cantaria a noite inteira / Como já cantei, eu cantarei / As coisas todas que já tive, tenho e sei / Um dia terei / A fé no que virá / E a alegria de poder olhar pra trás / E ver que voltaria com você / De novo viver nesse imenso salão”.
As lutas contra a repressão, de Gonzaga Jr. e muitos outros expoentes artísticos, sabemos, nunca foram “em vão” e ajudaram o país a retomar a trilha democrática. No auge do regime, no entanto, todos buscavam “olhar pra trás”, quando não haviam os coturnos repressores por toda a parte, para ansiar a voltar a “viver nesse imenso salão”, que é o nosso país livre!
Adiante, a canção “Não dá mais pra segurar (Explode Coração)” (1978) não foi alvo da censura, porque os censores imaginavam que se tratava (apenas) de (mais) uma canção romântica, tendo uma mulher como protagonista. De início, realmente, para quem ouve a música pela vez primeira, sem atentar para o período em que foi composta, a ideia é de um relacionamento amoroso frustrado: “Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder / o que não dá mais pra ocultar e eu não posso mais calar / já que o brilho desse olhar foi traidor / e entregou o que você tentou conter / o que você não quis desabafar e me cortou / chega de temer , chorar , sofrer , sorrir , se dar / e se perder e se achar e tudo aquilo que é viver / eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim/ como se fosse o sol desvirginando a madrugada / quero sentir a dor dessa manhã/ nascendo, rompendo, rasgando, tomando meu corpo e, então, eu / chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando / feito louca , alucinada e criança / sentindo o meu amor se derramando / não dá mais pra segurar, explode coração”. Chega!
Esta metáfora também figura na canção “Diga lá coração (Espere por mim, morena)” (1978): “diga lá , meu coração / conte as estórias das pessoas / nas estradas dessa vida / chore esta saudade estrangulada / fale, sem você não há mais nada”. E, também: “Diga lá, meu coração / Que ela está dentro em meu peito e bem guardada / E que é preciso / Mais que nunca / Prosseguir”. Seguimos, até hoje, prosseguindo!
Naquele momento de nossa história seguimos até o coração “explodir”, nas ruas de todo o país, festivamente, nos comícios das “Diretas Já” (1984), episódio marcante de nossa recente história republicana. Gonzaga Jr. participou, em janeiro de 1984, de um comício na praça municipal de Salvador, junto a Caetano Veloso [7]. Depois, também se engajou na campanha para eleição do primeiro presidente por via popular (1989), apoiando Luiz Inácio Lula da Silva contra Fernando Collor de Mello e fazendo vários showmícios para a candidatura do Partido dos Trabalhadores (PT). É por isso que, acompanhando sua discografia, sua obra acompanha, paripasso, a abertura do nosso cenário político e pode-se dizer que, até, conseguimos enxergar em algumas canções um resfolegar em êxtase, com maior otimismo ante o futuro.
Neste ano, aliás, em uma outra música, “Lindo lago do amor” (1984), Gonzaga Jr. parece tratar “apenas” da felicidade contagiante do amor e da comunhão com a natureza. tom poético com que relaciona a natureza, a felicidade e o amor. Na canção, o vento, a chuva, os seres vivos e os astros testemunham e abençoam os dias felizes do homem apaixonado. Todavia, levando em consideração o ano do lançamento da canção e o caráter metafórico da poesia-letra, podemos inferir que ela encarta um recado de esperança, já que, no ano seguinte, a redemocratização do país teve a primeira eleição para presidente da República, pós-regime militar, ainda que tenha sido por via indireta, com votos apenas dos parlamentares federais, elegendo Tancredo Neves e José Sarney, para presidente e vice. O personagem principal da letra, portanto, era o próprio povo brasileiro, ansioso por poder banhar-se, novamente, no lago da democracia.
E o “cantor-rancor”?
Gonzaguinha recebeu esse epíteto da mídia da época do início de sua carreira. O apelido provinha da opinião de que eram ásperas tanto as suas composições quanto sua postura, no palco e fora dele, como em entrevistas (em que era, por vezes, tido como agressivo, áspero ou de difícil trato).
De fato, o timbre vocal forte, nos primeiros anos de suas gravações, além das contundentes letras foram os maiores responsáveis por esta visão sobre o artista. Músicas como “Piada Infeliz” e “Erva Rasteira” eram, pois, características dessa faceta. Mas não era somente isso. As gravadoras insistiam que Gonzaga Jr. tinha um caráter “anti comercial”, justamente por sua fisionomia sisuda e sua “cara de poucos amigos”. E este ar “sombrio” da primeira fase, de um cara muito magro e “mal encarado” não combinava, diziam, com o lirismo da MPB, pós-bossa nova. O tempo demonstrou exatamente o contrário…

A discografia
Seu primeiro compacto foi “Um abraço terno em você, viu mãe?” (1970). E o primeiro disco tinha por título apenas o seu nome: “Luiz Gonzaga Jr.” (1973). Muitos consideraram este último um disco “estranho”, porque o rosto do artista estava pintado de branco e, em seu cavanhaque, filetes vermelhos escorriam, lembrando sangue, numa expressão pra lá de cadavérica.
Resumidamente, sua obra, aliando canções fortemente contestatórias, com destacado teor político-social, foi costurada com um marcante apelo romântico, o que, aliás, em duplo espectro, o tornou um (permanente) sucesso de massa. E é por isso, notadamente, que, com suas belíssimas composições, Gonzaguinha foi um dos compositores mais requisitados do mercado brasileiro, na década de 80.
Entre os gêneros musicais que compôs, destacam-se: MPB, samba, jazz fusion, rock (inclusive o progressivo), bolero, valsa, “disco music” e os ritmos nordestinos (como o baião) em, ao todo, vinte e dois discos autorais (sendo dois póstumos – veja listagem adiante), além de três coletâneas (seleções) e um disco-homenagem. Suas composições estão em trilhas sonoras da TV e do cinema, e foram gravadas por grandes nomes da nossa música brasileira.
Deixou-nos 294 canções, com 348 gravações diferentes, por ele e vários artistas, conforme dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) [7]. Conforme o órgão, a música de sua autoria mais tocada e gravada por outros intérpretes é “O que é? O que é?”, seguida por “Lindo Lago do Amor”, “Sangrando”, “É” e “Começaria tudo outra vez”, nos principais segmentos de execução pública.
Conforme o portal “Sucesso!” [8], vinte cantores gravaram suas canções, além de seu pai e seu filho (Daniel Gonzaga), como Maria Bethânia (a campeã), Leo Gandelman, Emílio Santiago, Simone, Alcione, Joanna e Fagner. Mas, pesquisando pelos títulos das canções é possível ampliar esse leque com nomes “fortes” como Zizi Possi, MPB-4, Tim Maia, Nana Caymmi, Gal Costa e Elis Regina.
Seus álbuns, inclusive os “post-mortem”, são:
Solo
1970: “Um abraço terno em você, viu mãe?”, compacto Odeon;
1973: “Luiz Gonzaga Jr.”, Odeon;
1974: “Luiz Gonzaga Jr.”, EMI/Odeon;
1975: “Os senhores da terra”, Museu da Imagem e do Som;
1975: “Plano de voo”, EMI/Odeon;
1976: “Começaria tudo outra vez”, EMI/Odeon;
1977: “Moleque Gonzaguinha”, EMI/Odeon;
1978: “Recado”, EMI/Odeon;
1979: “Gonzaguinha da vida”, EMI/Odeon;
1980: “De volta ao começo”, EMI/Odeon;
1980: “Coisa mais maior de grande pessoa”, EMI/Odeon;
1981: “A vida do viajante”. Com Luiz Gonzaga, EMI/Odeon;
1982: “Caminhos do coração”, EMI;
1983: “Alô, alô Brasil”, EMI/Odeon;
1984: “Grávido”, EMI/Odeon;
1985: “Olho de lince/trabalho de parto”, EMI/Odeon;
1987: “Geral”, EMI/Odeon;
1988: “Corações marginais”, Moleque/WEA;
1990: “Luizinho de Gonzaga”, WEA/Moleque;
1990: “É’, Capitol-EMI Music;
1993: “Cavaleiro solitário”, Som Livre;
2001: “Luiz Gonzaga Jr. – Gonzaguinha”, Universal Music.
Seleção
1991: “Gonzagão & Gonzaguinha – Juntos”, com Luiz Gonzaga, BMG/Ariola;
1994: “A viagem de Gonzagão e Gonzaguinha”, com Luiz Gonzaga, EMI/Odeon;
1994: “O talento de Gonzaguinha”, EMI/Odeon.
Homenagem
2001: “Simples Saudade”, BMG Brasil.
A imagem e a postura: o gênio agridoce
O amor e a contestação andaram de mãos dadas na trajetória de Gonzaguinha, revelando uma face indistinta do compositor. Porque seguramente ele entendia que o protesto, a contestação e a luta representavam uma destacada forma de amar: a si, aos outros, à coletividade dos brasileiros e ao (nosso) país como nação e pátria.
Na aparência, seu rosto estreito, com espessos cabelo, bigode e cavanhaque, marcava sua fronte com um destacado desenho. Essa efígie restou marcante… Tornou-se, pouco a pouco, pois, a cada nova música e disco, um personagem icônico do “velho Rio”. Pode-se dizer, então, que Gonzaguinha é um indivíduo plenamente envolvido com a cena cultural do Rio de Janeiro. E, nisto tudo, sempre vibrou com a vida e o viver (“é bonita, é bonita e é bonita”!), advertindo que a sabedoria advém, sempre, da “pureza da resposta das crianças”, como consta em “O que é, o que é?” (1982).
Não há quem não visualize nos poemas gonzaguinianos, o compromisso com a discussão de temas importantes e de impacto social, como as questões sociais e raciais, destacando as lutas e a resistência, assim como a identidade nacional e o orgulho racial. Gonzaguinha foi, mesmo, um incansável defensor dos direitos humanos e, com sua postura de engajamento, muito contribuiu para a promoção de debates acerca de igualdade e justiça social no Brasil.
Obviamente, a sua leitura política e social, crítica, foi percebendo o natural distanciamento dos anos terríveis da ditadura, em face das mobilizações e ações na direção da abertura democrática. Isto também se reflete em suas canções, como, em especial, em “E vamos à luta” (1980): “Acredito é na rapaziada / Que segue em frente e segura o rojão / Ponho fé é na fé da moçada / Que não foge da fera e enfrenta o leão / Eu vou à luta é com essa juventude / Que não corre da raia a troco de nada / Eu vou no bloco dessa mocidade / Que não tá na saudade e constrói a manhã desejada”.
s amores e os afetos
O que transbordava em suas canções era o reflexo e a exteriorização de uma vida intensa de amores, afetos e laços familiares bem complexos. Gonzaga Jr. foi casado com Ângela Porto Carneiro, com quem teve dois filhos, Daniel Gonzaga e Fernanda “Nanan” Gonzaga. Também se relacionou com Sandra Pêra, atriz e cantora (do grupo “As Frenéticas”, do qual adveio outra filha, Amora Pêra. Por fim, uniu-se a Louise Margarete Martins, a Lelete, com quem viveu em Belo Horizonte nos últimos doze anos de sua vida e, da relação, nasceu Mariana.

Suas idas e vindas, seus acertos e erros, seus sentimentos “à flor da pele”, tudo isso, junto, marcaria a sua obra musical.
E, por não ter preconceitos e entender o amor como uma expressão livre, também compôs um clássico da MPB, “Grito de Alerta” (1979), que se correlacionava a um caso de amor homossexual, cujo protagonista era, nada mais, nada menos, que o também cantor Agnaldo Timóteo, que havia contado o seu drama a Gonzaguinha [9].
A reconciliação pai-filho
Muitos depoimentos apresentam que a rebeldia de Gonzaguinha e as dificuldades de relacionamento com seu pai seriam motivada à sua condição de filho adotivo, o que gerou revolta e inconformismo, associado ao fato de que, pela repulsa da madrasta, o mesmo teve que ser criado pelos pais adotivos.
Mesmo assim, em 1980, aos trinta e cinco anos, Gonzaguinha se reaproximou bastante de Luiz Gonzaga, recompondo a ligação afetiva. Tanto que ambos percorreram o Brasil com a turnê “A vida do viajante”, que se estendeu até 1981, quando foi lançado o álbum duplo da gravação dos shows ao vivo.
Em 2012, a história dos artistas ganhou adaptação cinematográfica do diretor Breno Silveira, no filme “Gonzaga – De pai para filho”.
Um curioso elemento “une” pai e filho, nas “estradas da vida”. Gonzagão era cego de um dos olhos em virtude de um acidente de carro, em 1961. Conta-se que a célebre composição “Assum-Preto”, uma das mais celebradas do sanfoneiro teria sido composta, em parceria com Humberto Teixeira, em alusão à parcial cegueira: “cego dos ‘óio’, canta de dor”. Gonzaguinha, na infância, muito “moleque” e levado, entre pipas, “peladas”, bolas de gude, pião, estilingues e pedradas, sofreu um acidente doméstico, na “quina” da cama e perdeu 80% da visão de um dos olhos.
A voz que nunca se calou
Gonzaga Jr. foi, de fato, um poeta que jamais se calou. Seja para o relato de seus dramas pessoais, sua inquietude constante, seu romantismo à flor da pele, como para as pungentes questões sociais.
Com uma influência polissonora de qualidade, em que sobressaíam Lupicínio, Jamelão e o próprio Gonzaga-pai, amante de boleros e de programas sertanejos, assim como de música portuguesa, com destaque para os fados, sob a influência de sua madrinha e mãe adotiva, D. Dina, Júnior bebeu na cultura luso-brasileira, com influências marcantes em toda a sua obra.
Atravessando o período mais negro de nossa história republicana, driblou a censura, como já salientado, e nunca deixou de divulgar a riqueza do seu trabalho artístico. Suas canções alegóricas e as performances “ao vivo”, onde interpretava as músicas que eram proibidas de serem executadas nas rádios, exprimia suas opiniões em relação à sociedade e aos rumos de um Brasil envolvido na censura e na limitação de direitos.
Desafiador, foi capa de “Veja” [10], com o título “Explode, Gonzaguinha” – em alusão à sua canção “Explode Coração” – na edição de 26 de setembro de 1979, numa reportagem de cinco páginas assinada pela jornalista Regina Echeverria – que, adiante, escreveu a biografia de pai e filho (“Gonzaguinha e Gonzagão”), em face do seu estrondoso sucesso popular. Na matéria, lê-se: “Não dava mais pra segurar. Muito menos para dissimular ou disfarçar. O que o magro, desengonçado, quase sempre taciturno e patético Luiz Gonzaga Júnior tentou esconder e não conseguiu desabafar saiu com força de seu peito como para dizer: “Chega de temer e sofrer”. Insistiu em que seu sorriso estava preso, guardado atrás daquele jeito seco, daquela cara amarrada. Que seu corpo estava duro, defendido atrás de um violão. Como se num toque de mágica, quase sobrenatural, o caminho lento e sofrido de dez anos convergisse para uma certa noite, há duas semanas, quando estreou em São Paulo seu show “Gonzaguinha da Vida”, no qual vive um pouco da letra de sua música e explode o coração, para uma plateia que parecia estar plantada ali para exigir justamente isso”.
A morte precoce
Gonzaguinha morreu num acidente de trânsito, entre os shows de sua turnê. Tinha terminado de se apresentar no interior do Paraná e se dirigia de automóvel a Foz de Iguaçu, de onde pegaria um voo para Florianópolis (SC), onde cumpriria uma agenda de (mais) seis shows em solo catarinense. Entre Renascença e Marmeleiro (PR), logo cedo, seu carro colidiu de frente com uma caminhonete.
Sofreu traumatismo craniano, foi socorrido, mas faleceu em virtude dos ferimentos.
Sua filha mais nova, Mariana, então com sete anos, com uma clarividência e um preparo que nos falta, em regra, diante de tais situações, assim reagiu: “O pai vai cantar agora no palco do céu, ao lado do Vô Lua – disse a criança, referindo-se a Luiz Gonzaga, que morrera em 1989 (Lua era o apelido de Gonzagão, justamente pelo formato arredondado de seu rosto).
A família desejava que o artista fosse enterrado na cidade natal de seu pai, Exu, no Pernambuco. Mas, a esposa Lelete insistiu para que seu corpo ficasse em Belo Horizonte. O funeral foi no Palácio das Artes, na capital mineira, onde estima-se que mais de 2 mil pessoas se aglomeraram na porta para acompanhar o seu velório. Assim terminava a trajetória do Guerreiro Menino…
O menestrel carioca, um eterno aprendiz
Muito mais do que um compositor, poeta-letrista, e intérprete de suas próprias canções, Gonzaguinha pode ser lembrado como um cronista da legítima alma brasileira. Seja na ternura dos afetos ou nos bordões libertários de protesto, suas palavras foram transmudadas em sentimentos. Os deles e os nossos!
São quase 35 anos de saudade do rebelde romântico, Gonzaga Jr., que, se tivesse continuado entre nós, estaria Oitentinha. Ou Oitentão, em função da sua estatura musical e da expressão maior da resistência democrática diante dos fascismos de ontem e os de hoje. Viva, pois, Gonzaguinha!

Informações presentes no portal do Itaú Cultural [11] atestam que a obra do carioca alia composições contestatórias, de teor político-social, com um repertório de apelo romântico, o que o fez um sucesso de massa. Ao lado das “canções de protesto”, com letras engajadas e intensas, figuram músicas que tratam das dores humanas, do amor romântico de cada dia, da esperança em dias melhores e da malandragem para enfrentar as dificuldades da vida cotidiana.
Postumamente, ainda restou uma bela homenagem do amigo Ivan Lins, que gravou “Debruçado” (2008), uma canção que fizeram em parceria (1969): “Do meu sonho onde forte / No meu forte… tenho a vida / De um garoto que se agita / Brinca e grita… no meu peito / Sem pensar sequer no tempo / Ou parar e olhar em volta / Só escuta a chuva grossa / Olhos fitos na janela / Sem ter que se debruçar…”. A música conta com a participação do filho, Daniel Gonzaga [12].
Na corda bamba entre o amor e a dor, Gonzaguinha imprimiu na música brasileira sua fé num futuro utópico, praticamente dentro de um rol de pensamentos que ele nutria, e sua alma, sensível, previa para o porvir: “Eu apenas queria que você soubesse / que aquela alegria ainda está comigo / e que a minha ternura não ficou na estrada / não ficou no tempo presa na poeira” (“Eu apenas queria que você soubesse”). Um Gonzaguinha visionário…
A alegria e a ternura estão, pois, impressas em nossa pele e fazem parte do nosso DNA de incorrigíveis românticos, como os que o também saudoso Vander Lee – Vanderli Catarina (1966-2016), enunciou em “Românticos” (1999): “Românticos são poucos / Românticos são loucos desvairados / Que querem ser o outro / Que pensam que o outro é o paraíso / “Românticos são lindos / Românticos são limpos e pirados / Que choram com baladas / Que amam sem vergonha e sem juízo […] Romântico é uma espécie em extinção”.
Mas não estamos, Vander e Gonzaga, extintos! Olha nós aqui!!! E, como Gonzaga Jr. vaticinou: cada um de nós “sem vergonha de ser feliz”!
Notas do Autor:
[1] Versos parciais da canção “Com a Perna no Mundo” (1978), uma legítima autobiografia poética de Gonzaga Jr.
[2] Trecho do poema “Cântico VI”, do livro “Cânticos”, de 1927, quando Cecília tinha 26 anos. A poesia completa está disponível em: <https://iclnoticias.com.br/conhecimento/poema-de-cecilia-meireles-e-um-chamado-a-vida/>. Acesso em 20. Set. 2025.
[3] Música composta por Gonzaguinha, inserta no disco “Alô, Alô, Brasil” (1983).
[4] A canção “Canteiros” (1973) foi composta e gravada por Raimundo Fagner Cândido Lopes (1949), valendo-se parcialmente da poesia de Cecília Meireles, “Marcha” (1939). A letra é levemente modificada para o encaixe da sonoridade e da métrica da canção. Uma questão judicial envolvendo os herdeiros de Cecília e o cantor cearense importou no reconhecimento da poetisa e jornalista carioca como coautora da canção (informações em: <https://livrolevesolto.wordpress.com/2014/11/07/quando-penso-em-voce-conheca-a-polemica-de-plagio-que-envolve-cecilia-meireles-e-raimundo-fagner/>. Acesso em 20. Set. 2025). Também há trechos de outras duas músicas, uma de Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes (1946-2017), “Na Hora do Almoço” (1968), vencedora do Festival Universitário da Música Popular, TV Tupi do Rio de Janeiro; e outra de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida “Tom” Jobim (1927-1994), “Águas de Março” (1972).
[5] A instituição repressora foi criada em 30 de dezembro de 1924, e atuou como ente repressivo e de controle popular sobretudo no Estado Novo Varguiano – Getúlio Vargas, entre 1937 e 1945. Durante a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), foi caracterizado como um órgão policial de natureza secreta, atuando na repressão de movimentos políticos e na perseguição de opositores ao regime, inclusive perseguindo, prendendo, torturando e vigiando sobretudo militantes políticos. É o símbolo maior do autoritarismo e da violência estatal daquela época.
[6] No Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira (2006), no verbete associado ao cantor, o jornalista Okky de Souza, assim se manifesta: “A maior parte do público sempre associou Gonzaguinha às músicas de protesto e de resistência à ditadura militar. Colaborava para isso, além de canções raivosas como “Comportamento geral” (1973), a própria imagem cultivada pelo compositor, carrancudo e dono de um mau humor folclórico na MPB. Mesmo depois que a ultrarromântica “Explode coração” (1969) se tornou um enorme sucesso na regravação de Maria Bethânia [no disco Álibi, de 1978], ele não deixou de encarnar o eterno militante estudantil” Fonte: Instituto Cultural Cravo Albin. Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira. Gonzaguinha. Disponível em: <https://dicionariompb.com.br/>. Acesso em 20. Set. 2025.
[7] Informações sobre o comício foram registradas pelo jornal “Folha de S. Paulo” e reproduzidas em: <https://caetanoendetalle.blogspot.com/2018/01/1984-diretas-ja.html>. Acesso em 20. Set. 2025.
[8] Laurindo, G. Portal Sucesso! “Confira os intérpretes que mais gravaram Gonzaguinha. Disponível em: <https://web.portalsucesso.com.br/home/confira-os-interpretes-que-mais-gravaram-gonzaguinha>. Acesso em 20. Set. 2025.
[9] A história real é descrita, com destaque para o comentário bem-humorado de Agnaldo ao próprio Gonzaga Jr.: “Puxa vida, Gonzaguinha, eu te conto uma história da minha cama e você dá a música para a Bethânia gravar?”. Disponível em: <https://luizluagonzaga.com.br/gonzaguinha-e-gonzago-conta-a-vida-de-dois-gigantes-da-msica-brasileira/>. Acesso em 20. Set. 2025.
[10] A reportagem, transcrita, pode ser acessada em: <https://luizluagonzaga.blogspot.com/2011/08/em-sua-edicao-de-26-de-setembro-de-1979.html>. Acesso em 20. Set. 2025.
[11] A biografia de Gonzaguinha, neste projeto, está disponível em: <https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/6303-gonzaguinha>. Acesso em 20. Set. 2025.
[12] Para “reviver” o grande Gonzaguinha, na performance de Ivan Lins e o filho Daniel Gonzaga: <https://www.youtube.com/watch?v=AQ7lZTuN-7s&list=RDAQ7lZTuN-7s&start_radio=1>. Acesso em 20. Set. 2025.
Foto de capa Instituto Moreira Sales Divulgação