Editores do ECK
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Gaza necessita de mais e mais vozes. Não é o momento de análises menores, é o momento de gritar — sem divisões — em nossas redes e grupos, para que possamos interromper esse ciclo impiedoso de violência contra pessoas, homens, mulheres e crianças.
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A imagem do “cara de bronze” discordando do primeiro-ministro israelense e reafirmando que existe fome em Gaza se nos afigura uma imagem tão chocante em um mundo disruptivo como o nosso — que ouvir um personagem polêmico falar o óbvio nos mostra a gravidade do assunto. E o óbvio hoje, acima de tudo, é oferecer vozes para Gaza: posto que silenciada em seu direito de existir, apagada, desumanizada, esmagada e oprimida. Tantos adjetivos poderíamos usar nesse momento, cada um mais chocante que o outro, para cultivar o essencial: vocalizar com destacada intensidade essa dor cada vez maior. Ser a voz de quem não tem — porque não pode ter — voz!
Assim, até mesmo falar em guerra à luz do Espiritismo pode parecer desconexo com a realidade — mesmo com tantos caminhos de compreensão nos oferecidos; como abordou o ECK no texto “Como o Espiritismo interpreta a guerra?”, assinado pelo coordenador do Coletivo, Marcelo Henrique: grau de desenvolvimento dos seres, nível de progresso das coletividades, falta de compreensão, valorização da discórdia e da destruição, fanatismo, motivações religiosas, incompreensão de Deus, natureza animal exacerbada, serventia para o progresso e aprendizado; isto além de tantos outros saberes tão bem colocados pelo pensador no citado artigo.
Não temos como saber o que diria Kardec atualmente diante do horror das imagens da Faixa de Gaza; mas devemos ter plena certeza de que sua atitude seria a de uma destacada indignação, além da capacidade de entendimento inteligente e sensorial (espiritualidade) em face desta barbárie moderna: seria como dar voz ao sangue que escorre permanentemente em Gaza. Como todos os Espíritos sensatos, o Professor francês teria a consciência de que, sim, existem dois lados nessa guerra: um, com armas, pretensamente dono do status quo mundial, em que se destacam a mídia, as finanças e os (diversos) sistemas (político, tecnológico, empresarial, monetário). Do outro, os palestinos: um povo sem armas, sem exército e sem a plenitude estatal, ainda. Um povo totalmente indefeso diante da força.
Desde os primeiros atos de terrorismo do Hamas em 7 de outubro de 2023, matando cidadãos israelenses em suas próprias casas, vemos o horror de uma disputa que já se estende por mais de 100 anos, incendiada por um grupo até então financiado por Israel para dividir forças políticas na administração da Palestina. O resultado: pessoas sequestradas, assassinadas, mostrando como a política — ou as disputas territoriais — podem levar a níveis de violência nunca vistos. Crimes hediondos!
A desproporcionalidade de mortos entre os dois lados chama ainda mais a atenção, assim como a falta de alternativas que possam interromper a montanha de corpos que se acumula do lado palestino. Isso por si só já é suficiente para nos mostrar que qualquer outro viés de debate soa ingênuo e, por consequência, é intelectualmente desonesto.
Mas existem algumas vozes para Gaza: a França ofereceu a sua, ao anunciar que reconheceria oficialmente um Estado da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2024. Depois, mais 14 países se uniram a essa causa: Canadá, Austrália, Andorra, Finlândia, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, San Marino, Eslovênia e Espanha.
São necessárias outras Vozes para Gaza: para que todos saibam que esse conflito é único, sem paralelo. Não é guerra, é genocídio! E não somos somente nós, do ECK, a afirmar. Quem diz isso são grandes pensadores judeus. O tema já saiu da esfera política, para adentrar o âmbito da crise humanitária. Não se trata de um exército contra outro — é exército contra um povo. O professor judeu Michel Gherman, a propósito, ao ser perguntado, em entrevista à “Folha de S.Paulo”, se o que ocorre em Gaza é um genocídio, não teve dúvida na resposta:
“Vou me apropriar das palavras de um intelectual de altíssimo nível, o professor de estudos sobre Holocausto da Universidade Brown, nos EUA, Omer Bartov: ‘Eu sou um pesquisador do genocídio, eu reconheço um quando eu vejo.’ Como disse a historiadora Hannah Yablonka, dos Museus dos Guetos em Israel, uma referência em estudos do genocídio: o que acontece em Gaza é produto de vingança, e não de estratégia. E vingança produz genocídio.”
Marcelo Henrique, no mesmo artigo citado, colabora por desvendar esse sentimento:
“Sempre que uma nova guerra eclode, se percebe a presença do mal — não como uma ‘entidade’ ou força espiritual independente —, mas como a exacerbação e a exteriorização de sentimentos peculiares ao homem transitório, ainda bastante animalizado e com vícios e tendências inferiores. E, em face da capacidade intelectual de uns, o desejo de escravização, de domínio e subjugação dos semelhantes, individual ou coletivamente, aflora no sentido de satisfação das paixões, não importando o preço (custo) de suas vontades e desejos. Dominação, esmagamento, dizimação e destruição passam a ser atitudes comuns, substantivos naturais para aqueles que só enxergam os seus direitos, independentemente de legitimação ou senso de justiça.” Leia o artigo completo
São, também, as NOSSAS Vozes para Gaza. O Coletivo ECK une-se a esse clamor, como tem feito em sua linha editorial em variados momentos de crises humanitárias planetárias, ameaças à democracia e outros temas sensíveis, em diversos campos. O que o ECK acrescenta é que, independente de onde venham — individuais ou coletivas, laicas ou religiosas, de qualquer espectro político —, Gaza necessita de mais e mais vozes. Não é o momento de análises menores, é o momento de gritar — sem divisões nem tergiversações — em nossas redes e grupos, para que possamos interromper esse ciclo impiedoso de violência contra pessoas, sejam homens, mulheres ou crianças.
Esse é o nosso dever urgente!
Imagem de hosny salah por Pixabay
Falta no movimento espírita um posicionamento claro, assertivo e amoroso a favor dos povos oprimidos e contra as injustiças do mundo. Não são apenas as nossas atitudes em vidas passadas que determinam nosso futuro, mas são principalmente nossas atitudes hoje que determinam se aprendemos ou não com o passado. Que sejamos luz onde há trevas.
O silêncio de grande parte do movimento espirita – federativas, instituições e seus representantes – diante o caos em Gaza e ensurdecedor – vergonhoso. Assim se sentiria Kardec, mas, não calado.
O artigo Vozes para Gaza expressa, com clareza, a urgência moral de denunciar o massacre contra o povo palestino. No contexto espírita, não há espaço para neutralidade diante da opressão — calar é ser conivente.
Kardec nos ensinou que a caridade é benevolente e ativa; portanto, solidariedade aqui significa ação concreta e voz firme.
Ao romper com narrativas hegemônicas e reconhecer o genocídio, o texto cumpre o dever de colocar o Espiritismo ao lado dos oprimidos. Que esse clamor se mantenha vivo, pois fora da solidariedade efetiva não há verdadeira caridade
O sentimento é de dor, horror e de indignação.
Imagens que se não causam esses sentimentos na humanidade, estamos mesmo no fundo do poço.
O problema de Gaza já existe há muitos anos, agravou-se a situação desde que em 7 de Outubro, o braço armado do Hamas , que era governo em Gaza entrou em território de Israel e praticou uma matança com requintes de crueldade inimagináveis e fez reféns Israelitas. Agora o governo sionista de Israel que antes colaborava com o Hamas (governo) que subsidiou e ajudou a manter no poder, quer vingança aplicando a Lei de Talião ao povo pobre e abandonado pelos seus dirigentes que os deixaram ao abandono durante anos vivendo a suas lindas vidas em países ricos vizinhos e agora os sionistas de Israel aplicam ao povo de Gaza o mesmo tratamento que os guerreiros do Hamas dão aos reféns Israelitas. O povo de Gaza é e tem sido sempre um povo abandonado a um destino miserável que agora passou a ser mais visível devido à matança indiscriminada pelas balas da vingança. Clamar pelos massacrados de Gaza e por quem os possa ajudar é um dever, que as Nações Unidas e todos os povos do mundo têm o dever de fazer. Trump e Netanyahu podiam mas não lhes convem, porque quem lhes dá o dinheiro para as armas são os “amos”que querem o extermínio do povo não só de Gaza como de toda a Palestina, para se apoderarem do território na sua totalidade e explorarem as riquezas do seu subsolo. O lobi que os apoia é o mesmo que provoca e desenvolve conflitos e guerras em todo o mundo nas pessoas físicas dos governos norte-americanos desde sempre, onde a industria da guerra e o objectivo da supremacia do mundo são as suas prioridades. Gaza é só uma ponta do icebergue.Todo o mundo está na lista. Teria muito mais para escrever, mas o tema aqui é a impunidade que se faz sentir sobre os massacres em Gaza que envergonha a Humanidade em geral. Não podemos ignorar, temos direito à indignação sobre a hipocrisia dos governantes que só agora parecem ter-se apercebido da ignomínia do que tem acontecido em Gaza desde há muitos anos.
Estamos vivendo o que não deveríamos viver. A humanidade caminha lentamente quando se trata de repetir o que jamais deveria ser repetido , por isso é preciso falar e dar voz aos silenciados, apagados , esquecidos
Gaza precisa ser ouvida… e muitos outro locais! Até quando nós (humanos terráqueos) continuaremos a viver a violência como forma de ‘solução’ de problemas? Que, aliás, nós mesmos é que criamos esses problemas, e com a violência apenas os deslocamos no tempo, fazendo-os explodir ainda mais graves no futuro…