Serão conservadores os jovens, amanhã? [1], por Marcelo Henrique

Tempo de leitura: 3 minutos

Marcelo Henrique

***

Por que razão os jovens acabam se transformando quase que compulsoriamente em conservadores, mais tarde?

***

A juventude representa a fase mais fascinante da vida do Espírito encarnado. É nela que se processam as principais (re)descobertas do ser, em uma nova etapa, na vivência de novas experiências.

Essa mesma juventude, firme em suas convicções, ousada em seus pronunciamentos e polêmica em suas atitudes (sempre se considerarmos a maior parte do tempo), proporcionou e proporciona a realização de encontros sóbrios, maduros e de muita espiritualidade. Numa delas, analisando as profundas nuances da personalidade humana, em clima de seriedade, respeito e profundidade doutrinária, às vezes raros até em eventos dos adultos, os jovens debateram sobre o “Túnel de Relacionamentos” – correlacionado às experiências afetivas, amorosas e sexuais da individualidade humano-espiritual [2].

Atividades como esta representam uma grande vitória! Vitória daqueles que acreditaram na proposta e a incentivaram. Dos que renunciaram aos seus pontos de vista pessoais em favor de um projeto mais que coletivo, social. E dos jovens, que mostraram consciência, fé raciocinada e ética espírita, para submeterem seus ideais, seus posicionamentos, suas atitudes concretas ao crivo da razão, sob os auspícios da Doutrina dos Espíritos que todos abraçamos. Um agradecimento obrigatório a todos estes, que fizeram brilhar mais forte a candeia espiritual que, segundo o próprio Kardec, haveria de examinar todo e qualquer fato ou comportamento humano, de forma meticulosa e sistemática, em razão de suas bases.

E, àqueles mais ferrenhos, supersticiosos e relutantes, que optaram por censurar e dificultar a empreitada, sem conhecê-la a fundo, críticos das primeiras às últimas horas, apesar de, claro, terem sido jovens que cultivaram e acreditaram em seus ideais, por terem, eles, nos compelido a reunir forças, a estudar ainda mais e a cultivar a paciência e a humildade. A eles, também, a nossa homenagem sincera.

É de se perguntar, afinal: por que razão os jovens acabam se transformando quase que compulsoriamente em conservadores, mais tarde? Por que, ao invés de acolher, patrocinar, incentivar e acompanhar, de perto, as iniciativas juvenis, que possuem linguagem e abrangência peculiares ao próprio público jovem, assumem posturas coercitivas, tolhendo a criatividade e reduzindo espaços para que o jovem possa ser jovem?

Assim, inspirados no jovem Yeshua, Jesus de Nazaré, uma rogativa: permita ele, ao nos inspirar em nossas atividades – sobretudo aquelas realizadas por adultos e mais maduros – não sejamos tão conservadores assim…

Notas do ECK:

[1] Este artigo foi escrito em março de 1995 e publicado na Revista Harmonia, edição impressa, número 12 (prints abaixo). Passados trinta anos, o panorama não se modificou e as ideias permanecem como alerta aos espíritas da atualidade. Texto ligeiramente adaptado, para manter a sua atualidade.

[2] As atividades realizadas em encontros de jovens desta natureza, assim como na programação anual da Juventude Espírita de uma instituição espiritista catarinense permitiram ao articulista a publicação, pela Editora EME, em 2007, do livro intitulado “Túnel de Relacionamentos”. A obra pode ser encontrada, para aquisição, em: <https://www.boanova.net/produto/tunel-de-relacionamentos-65788>.

Imagem de Dim Hou por Pixabay

Anexos (prints da publicação)

 

Written by 

Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.