Descentralização Já!, por Marcelo Henrique

Tempo de leitura: 2 minutos

Marcelo Henrique

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O futuro para a democratização do meio (movimento) espírita brasileiro já está maduro há décadas!

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Escrever sobre gestão de organizações é sempre algo muito motivador para mim. Afinal de contas, considerando a experiência pessoal de 37 anos de vida pública na área da Administração e do Direito, duas de minhas formações. Será que Kardec falou de gestão organizacional? Obviamente. O Professor francês teve experiências com gestão de negócios e foi membro de diversas instituições culturais, filosóficas e científicas, como destacam seus biógrafos. Experiências bem e malsucedidas, como qualquer Espírito em jornada de aprendizado e progresso neste orbe de expiações e provas.

De maneira muito pontual, o preclaro mestre endereçou ao meio espírita francês e aos que lhe sucederiam no tempo – hoje, podemos falar do brasileiro, neste particular – orientações pontuais sobre como ele via a organização das atividades. Há quem, equivocadamente, esboce um pálido comparativo entre o “Comitê Central de Espiritismo” e as organizações federativas (estaduais e nacional) em solo tupiniquim. E, ainda vão mais além, conjecturando que o “Pacto Áureo” tenha sido crucial para a “unificação” dos espíritas brasileiros.

É preciso dizer que não há qualquer correlação entre a estrutura (centralizada e vertical) estabelecida a partir de 1948 no movimento federativo nacional (leia-se Federação Espírita Brasileira – FEB), como o modelo proposto por Kardec. Havia, no desejo deste a estruturação de uma gestão democrática – por inspiração da própria Revolução Francesa – com a horizontalização das decisões. A antevisão do Professor francês apontava para congressos deliberativos e com ampla participação das instituições que compunham o movimento para, no Comitê Central, disporem sobre os Congressos Espíritas, inclusive para a apreciação e aprovação de deliberações para as atividades institucionais e a admissão de novos princípios no “edifício doutrinário espírita”.

Mais recentemente, no século passado, nosso querido Gélio Lacerda da Silva, ex-presidente da federativa do Espírito Santo, em sua obra “Conscientização Espírita” (1995), lançada pela Editora Opinião E, de Capivari (SP), propôs um modelo alternativo para o “movimento nacional”, adotando o perfil não de uma federação centralizadora e com poder único, mas de uma Confederação, conferindo importância e poderes a cada um dos órgãos locais (estaduais), os quais, por sua vez, também estariam aptos a ouvir as instâncias menores (municipais e distritais).

Adotado este modelo, o dinamismo das atividades, a ideia de coparticipação e comprometimento e a gestão democrática, que permite a TODOS (e não a poucos, a deliberação sobre os temas de interesse) seria a tônica e a realidade. Vale dizer que não se justifica nem o próprio movimento federativo (e seu “Conselho Federativo Nacional”, porque não são os dirigentes de casas espíritas – os núcleos menores quem escolhem seus membros, nem a própria diretoria da FEB (que, aliás, é eleita não pelas federativas estaduais, mas por sócios, pessoas físicas, em número de algumas dezenas – cerca de 80 ou 90 pessoas).

Orientar e organizar não é impor nem reduzir o espectro de participação. Os ideais revolucionários franceses (com Kardec como principal subscritor, para as lidas espíritas) devem “encarnar” entre nós. O fruto para a democratização do movimento espírita já está maduro há algumas décadas. Que os espíritas se motivem para fazer a mudança!

Nota do ECK: Artigo originariamente publicado na gazeta “Gente Espírita”, de julho de 2025.

Imagem de Enrique por Pixabay

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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