Ciência Humana e Ciência Espírita: a necessária completude, por Sidnei Batista

Tempo de leitura: 3 minutos

Sidnei Batista

 

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Não ignoramos que, em virtude de nossa Materialidade/Espiritualidade incipientes e insipientes que, sem Kardec, Darwin sobrevive, mas sem Darwin, Kardec não sobrevive.

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“Da mesma forma que a Ciência propriamente dita tem como objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. […] o Espiritismo e a Ciência se completam; que a Ciência sem o Espiritismo está impossibilitada de explicar certos fenômenos recorrendo somente às leis da matéria […]; que o Espiritismo sem a Ciência careceria de apoio e de controle e poderia equivocar-se. Se o Espiritismo tivesse chegado antes das descobertas científicas, teria fracassado, como tudo o que ocorre antes do seu tempo.”

Kardec, “A Gênese”, Cap. I, Item 6.

A missão a que a cientista Jane Goodall nas pesquisas etológicas se dispôs a cumprir deveria ser alvo de atenção da comunidade espírita.

Não somente ela, os cientistas – não a Ciência por si, pois que esta é feita por homens os quais, antes de serem homens são Espíritos encarnados – estão avançando nos estudos dos animais. Estão descobrindo que os animais são sencientes, como os seres humanos: têm sensações físicas e afetivas, sentem dores, fome, frio, prazeres, “amam, odeiam”, atacam e se protegem mutuamente no âmbito distributivo da espécie em que vivem experiências na evolução.

Jane Goodall e muitos cientistas notaram, ainda, que há animais capazes de “fabricarem” instrumentos para defesa e obterem alimentos.

Oferecem, assim, valiosas contribuição ao Espiritismo por descortinarem que o mundo espiritual não é constituído somente por Almas Humanas. É, também, constituído por Princípios Inteligentes, todos envolvidos pelos respectivos Períspiritos, cuja simplicidade ou complexidade morfológica atenda à espécie na qual esteja encarnado. E, quando desencarnado, conservam a morfologia até que tramitem para outras espécies mais desenvolvidas e, deste modo, o Períspirito assuma outras aparências morfológicas.

Ora, “Tudo se encadeia, do Átomo ao Arcanjo”. Vale dizer que, na primeira edição de “O livro dos Espíritos”, em 1857, Kardec não havia se ocupado dos animais. Mas, em 1859, o naturalista inglês Charles Darwin publicou a “Teoria da Evolução das Espécies”, se notabilizando por comprovar o parentesco fisiológico e a origem comum de todos os seres vivos. A obra não poderia passar despercebida por Kardec, de modo a que, na segunda edição, que veio à lume em 16 de março de 1860, ele ampliou o conteúdo originalmente publicado, de 501 para 1212 perguntas (sendo 1019 primárias e 193 subperguntas dos variados temas).

Nessa edição (definitiva), ele dedicou um capítulo especialmente para este importante reino natural, denominando-o de “Os Animais e o Homem”. Contudo, devemos criticamente entender que tal não foi um capítulo abrangente, minucioso. Na verdade, o Professor francês colocou os animais num “mesmo saco”, não avançando para apontar que eles se distribuem em diferentes espécies e estas se ramificam para outras diferentes subespécies, e manifestam estados de “intelligentia cogitandi”, de acordo com o estágio psicobiofisiológico da espécie que venha, espiritualmente, a ocupar.

Com o Homem, ele fez o mesmo, colocando todos numa mesma vala comum. Embora diferentemente dos animais, a biomorfologia humana seja única, porém, há diferenças psicomentais entre os indivíduos. Basta observar a distância do “homem pré-histórico” ao “homem moderno” e os estágios intercorrentes evolucionais no transcorrer do tempo entre aquela fase pretérita e a fase atual da humanidade.

Kardec, entretanto, fez a parte dele com os recursos científicos da época, mas compete a nós, atualmente, abrirmos o horizonte do Conhecimento das coisas, pela observação do Mundo em suas contínuas transformações, uma vez que é pelo “trabalho do corpo” que o homem adquire conhecimentos.

Por fim, sabemos que a Ciência Material e a Ciência Espiritual se completam, uma pela outra. Mas, também, não ignoramos que, em virtude de nossa Materialidade/Espiritualidade incipientes e insipientes que, sem Kardec, Darwin sobrevive, mas sem Darwin, Kardec não sobrevive. Ele próprio dissera isso lá no capítulo I, de “A Gênese”, Item 16, como transcrito inicialmente. Para isso, como afirmou Yeshua, o Magrão, é só ter “olhos de ver e ouvidos de ouvir”.

Fontes:

BBC. (2025). “BBC News Brasil”. O emocionante abraço de despedida entre chimpanzé e a cientista Jane Goodall. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/c62q17r0528o?>. Acesso em 3 de outubro de 2025.

Kardec, A. (2018). “A Gênese”. Trad. Carlos de Brito Imbassahy. São Paulo: FEAL.

Foto reprodução de vídeo da Jane Goodall, compartilhado em redes sociais — Divulgação pesquisa. 

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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