O agora e o depois, por Marcelo Henrique

Tempo de leitura: 2 minutos

Marcelo Henrique

***

O carinhoso convite ao aproveitamento do tempo, porque não há definitividade nem irrevogabilidade em relação a todas as nossas ações (e omissões).

***

O cartaz no poste de iluminação pública traz o recado: “De depois em depois, a gente perde o agora”. O “recado” é forte, intenso. E ele se destina aos passos da nossa caminhada.

Quantas, então, já foram as vezes em que você adiou os seus projetos, os seus sonhos, as suas vontades? Em inúmeras destas situações, quais eram os obstáculos? Havia um “inimigo” real, ou ele se situava apenas no seu íntimo?

Conheço muitas pessoas que deixam de arriscar as necessárias mudanças, na espera de um “momento melhor”, uma “situação mais adequada”. E os dias vão passando…

Várias delas se acomodam com uma vida “morna” ou “sem sabor”, receosos de perder aquilo que, talvez, nunca tiveram. Outras ficam aguardando que a conjuntura seja mais favorável, que os fatores externos sejam outros, e que elementos que, dizem, independem da nossa vontade estejam “alinhados”: o tempo, o dinheiro, a saúde, a companhia ideal, a tranquilidade, as férias, a aposentadoria…

Depois eu penso, depois eu faço, depois eu tento…

O incrível, nisto tudo, é que de tanto postergar, adiar, procrastinar, projetar para um futuro “impossível”, na visão particular de cada um, também não se aproveita o agora. Porque a sua mente está pensando – e fortemente – naquilo que poderá vir adiante. E, então, o momento atual, o agora, não faz muito sentido, não tem relevância, ou se diminui diante do que desejamos que exista nos dias (e anos) que virão…

Numa singular comunicação ditada por Humboldt (Espírito) e inserta na “Revue Spirite” de março de 1867, intitulada “Tudo vem a seu tempo”, encontramos: 

“Lede no grande livro da Natureza; instruí-vos, esclarecei o vosso espírito […] não tereis tempo de chegar à última página, e só a lereis quando estiverdes desligados da matéria, quando vossos sentidos espiritualizados vos permitirem compreendê-la”.

A medida do tempo, assim, é algo particular, que se compõe daquilo que se vive e, por isso, decorre do que somos e do que realizamos, a partir do nosso livre-arbítrio. Nossas escolhas, assim, têm como palco este momento e não o futuro. Mas, ainda assim, haverá situações que não conseguiremos empreender, em face de nossas próprias limitações. Nem agora, nem depois, a não ser que este depois seja a realidade por nós mesmos construída, passo a passo, em termos de progresso individual. E isto, somando-se o conjunto das próprias experiências. 

É exatamente por isso, considerando o somatório das vivências, que Kardec (“A Gênese”, Cap. VI, item 2), afirmou: 

“O tempo é a sucessão das coisas”. Portanto, o antes, o agora e o depois têm seu significado e importância para o personagem principal da sua vida: você! E, como você irá lidar com esses três quadrantes, que se associam e se completam, que se realizam e se revisitam, a cada momento, será a atitude (real) daquilo que você mesmo escreverá no seu próprio livro da vida.

Então, embora a mensagem do cartaz seja importante, não como uma ordem ou uma reprimenda, mas, singularmente, como um carinhoso convite ao aproveitamento do tempo, que possamos entender que, mesmo assim, não há definitividade nem irrevogabilidade em relação a todas as nossas ações (e omissões). 

O agora poderá virar depois se o quisermos e o depois também será um novo agora, se nossas decisões individuais para isto apontarem.

Porque em tudo, o importante é viver! Seja depois, seja agora…

Imagem de Ofoto Ray por Pixabay

Written by 

Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.