Questão de opinião, por Lamartine Oscar Veiga

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Lamartine Oscar Veiga

Chegou o inverno,
com seus passos de névoa
e mãos frias que tocam devagar
as janelas do peito.

É tempo de recolher
os braços que se estendiam ao sol,
de ouvir o silêncio da bruma
e acender as lareiras das lembranças.

A pele busca abrigo,
mas é a alma que sente primeiro
um arrepio de saudade,
um desejo antigo de colo.

Na xícara quente,
a fumaça desenha mapas
de lugares onde já fomos inteiros,
onde o amor era um cobertor de lã
bordado com promessas.

E mesmo entre galhos nus,
há ninho.
E mesmo no vento cortante,
há canto –
de quem sabe que a friagem do mundo
só vence com o calor de dentro.

Que o inverno nos ensine
a aquecer sem queimar,
a recolher sem esconder,
que, sob cada geada,
há uma semente sonhando primavera

Imagem de Maggys_Photography_ por Pixabay

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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