O suposto “alerta de Kardec sobre política” e a repulsa à política no movimento (meio) espírita

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Luiz Gustavo Oliveira dos Santos

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Comumente, tem-se a interpretação deturpada e proibitiva dos dizeres de Kardec – obviamente abusiva. Não haveria motivo para o espírita evitar falar de política ou controvérsias religiosas em palestras, estudos doutrinários, conferências, congressos, programas, lives, obras, revistas, jornais, conversas, etc. De fato, importa que se fale mesmo, para não mutilarmos parte essencial da Doutrina dos Espíritos: o pensamento filosófico político ou social no Espiritismo.

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Introdução

Em muitos meios espíritas, ainda se advoga não haver relação entre política e Espiritismo, o que constitui desgastante equívoco. Alienar politicamente é o papel da ideologia, produto demagógico da classe dominante para manter o controle sobre as massas e sustentar o modo de produção vigente que a beneficia.

A Ideologia Rustenista

Nos meios espíritas, essa ideologia tomou os contornos do chamado roustainguismo, ou rustenismo, de J. B. Roustaing, primeiro cismático em relação ao movimento espírita iniciado por Kardec. Tomando vulto ainda no movimento espírita francês, após a morte de Kardec, pela sua inserção na Sociedade Anônima, a influência rustenista chegou ao Brasil nos primeiros grupos espíritas e se engrandeceu nas instituições federativas a partir de então, sendo inoculada copiosamente nas produções mediúnicas mais profusas desde a década de 1930. Assim, o chamado movimento espírita, em nosso país, está permeado, conscientemente ou não, de rustenismo [1], o que trouxe importantes efeitos para o assunto que nos toca.

Resumiremos os dois aspectos essenciais do rustenismo que nos importam: 1) a consideração da matéria como algo inerentemente mau, resultando a encarnação sempre do erro (“queda”) [2], motivo pelo qual nos caberia afastarmo-nos dela o mais possível, e, 2) a aceitação cega dos ditados mediúnicos [3].

Ambos em contradição com o que se estabelece em Kardec. A obra de Roustaing está eivada de um tipo de gnose docetista (ainda que ele pretendesse negá-lo), que só valoriza o espírito e trata o corpo, consequentemente, o mundo e a sociedade, como algo “sujo” e indigno de preocupação, resultado da “queda” moral; por outro lado, tudo foi recebido por única médium, recolhido sem exame e publicado, em atitude fortemente dogmática, nada científica ou filosófica.

Esses dois aspectos foram trabalhados de diversas maneiras nas obras mediúnicas posteriores que tomaram conta do movimento brasileiro, com os seguintes efeitos:

a) Transformou-se Jesus em “meigoavatar a-histórico e apolítico, a sorrir sempre, quando muito, um pouco “enérgico”; mas nunca capaz de tomar a causa dos injustiçados do mundo nem de recriminar os opressores, em flagrante contraste com os próprios textos evangélicos;

b) Tratou-se de tachar os assuntos sociais de “materialismo” e os estudiosos que com eles lidavam, de “materialistas”, de maneira calculadamente pejorativa;

c) Procedeu-se à cata de passagens de Kardec, desde sempre ignoradas ou desprezadas, só para se respaldar – decerto inocuamente – o isencionismo já previamente adotado [4];

d) Além disso, armou-se de infindáveis ditados mediúnicos – como o fez Roustaing –, aceitos dogmaticamente, obtidos por médiuns prodigiosos, para contrapor argumentos filosóficos espíritas. Assim procedendo, claro, sem respeito à filosofia e ao exame, julgando-se que as frases feitas dos Espíritos, sem controle e, por isso mesmo, tratadas por Kardec como “opiniões pessoais” [5], pudessem ter maior valor que as razões e os fatos;

e) O cultivo, por tais mensagens mediúnicas, de uma teologia da culpa e do medo, de matriz jesuítica, em grande parte, demasiadamente apassivadora, conformadora das massas, em relação a tudo que diga respeito ao movimento de resistência política e de mudança social.

Esses foram efeitos mais ou menos diretos do rustenismo, esse viés espírita ideológico conservador, dogmático e alienador que se imiscuiu institucionalmente no movimento espírita do país. Em contradição com o progressismo, a racionalidade e a despeito da filosofia social do legado de Kardec.

A política de Kardec: ou o que Kardec pensava sobre política

Neste escrito, focaremos no item “c”, sobre as escassas citações de Allan Kardec, que, descontextualizadas e mal interpretadas, são usadas para pretensiosamente “vetar” a política do Espiritismo. Em seguida aos textos, teceremos as explicações sobre suas reais motivações, que já se farão claras, em boa parte, na simples leitura; também faremos ver diversas outras passagens de Kardec em que ele mesmo expõe a face social, política do Espiritismo, contrariando os que interpretam proibitivamente suas palavras acerca desse tema.

Kardec escreve:

A) “Devo ainda vos assinalar uma outra tática de nossos adversários, é de procurar comprometer os espíritas impelindo-os a se afastar do verdadeiro objetivo da doutrina, que é o da moral, para abordar questões que não são de sua alçada, e que poderiam a justo título despertar suscetibilidades suspeitosas [ombrageux]. Não vos deixeis tampouco cair nessa armadilha; afastai com cuidado, em vossas reuniões, tudo o que se relaciona à política e às questões irritantes; as discussões, sob esse aspecto, não chegariam a nada senão a vos suscitar embaraços, enquanto ninguém pode notar defeitos na moral quando ela é boa. Procurai, no Espiritismo, o que pode vos melhorar, está aí o essencial; quando os homens forem melhores, as reformas sociais verdadeiramente úteis serão disso a consequência toda natural; trabalhando no progresso moral, poreis os verdadeiros e os mais sólidos fundamentos de todas as melhorias, e deixai a Deus o cuidado de fazer chegar as coisas em seu tempo. Oponde, portanto, no interesse mesmo do Espiritismo que é ainda jovem, mas que envelhece depressa, uma inabalável firmeza aos que procurarem vos arrastar a uma via perigosa. (Allan Kardec, “Revue Spirite”, fev. 1862, “Resposta dirigida aos espíritas lioneses […]”, grifos nossos.)

B) “A Sociedade [Parisiense de Estudos Espíritas] tem por objeto o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas, e sua aplicação às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas. As questões políticas, de controvérsia religiosa e de economia social aí são interditas”. (Allan Kardec, “O livro dos Médiuns”, Parte II, cap. XXX, “Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”, art. 1.)

Eis aí. Vemos Kardec aconselhando evitar, nas reuniões espíritas, tratar do que se refira à “política” e “questões irritantes”, enquanto interdita, na Sociedade Espírita de Paris, “questões políticas, de controvérsia religiosa e de economia social”. Veremos, primeiro, que isso em nada obsta, nem deve obstar, ao tratamento de questões de filosofia política no Espiritismo, e que a doutrina contém em si todos esses assuntos, positivamente. As razões dessas observações de Kardec são fáceis de compreender e, na parte seguinte, teceremos respostas à interpretação proibitiva:

 O termo política, ao tempo de Kardec

Primeiramente, importa informar que, ao tempo de Allan Kardec, costumava-se usar o termo “política” para se referir à “política partidária” (contextual, politicagem), enquanto os assuntos próprios da teoria ou “Filosofia Política” (tais como as leis, instituições, autoridade, riqueza, pobreza, direitos, emancipação, desigualdade de condições sociais, propriedade, etc.), eram tratados, nos manuais de filosofia, como questões de “Moral”, dentro dos tópicos “Moral Prática” (p. ex., Élements, de Paul Janet, na década de 1870) ou “Moral Social” (ex., Traité de R. Jolivet, ainda nos anos 1930). Dessa forma, no contexto das obras espíritas clássicas, os assuntos “morais” e “sociais” ou “políticos” se referem ao mesmo objeto. O termo “moral”, portanto, não se refere apenas ao ser individual, em sua interioridade, mas abrange o social. Aliás, “social” e “político” são intercambiáveis [6]. Assim, quando Kardec escreve que o objetivo da doutrina “é o da moral”, isso inclui também a moral social, isto é, temas sociais, de filosofia política [7]. Isso se vê claramente em “O livro dos Espíritos”, onde se tratam abertamente questões sobre os temas: leis, instituições, autoridade, riqueza, pobreza, direitos, emancipação, escravidão, guerra, desigualdade de condições sociais, propriedade etc., que são próprios da filosofia política ou social. Somente “não é de sua alçada” a política partidária, contextual, contingente.

Dessa forma, forçar a entender, em Kardec, o termo “política” em sentido amplo, absoluto, e interditá-lo de todo na doutrina é fazer o próprio Kardec se contradizer, visto que os temas da filosofia política, listados acima, estão presentes em sua obra. É fazer também Léon Denis, que escreveu “Socialismo e Espiritismo”, ou J. Herculano Pires, com seu “O Reino”, infringirem essa “orientação” de Kardec, além de tantos outros (M. Lachâtre, Cosme Mariño, H. Mariotti, Aylton Paiva, etc.), posto que inumeráveis autores de filosofia espírita, compenetrados da doutrina, trataram de política e Espiritismo em suas obras. Claro que acusá-los disso não faz sentido, pois nem Kardec se contradiz, nem esses autores ferem qualquer orientação dele, uma vez que o compreenderam adequadamente.

Kardec e o caráter político social do Espiritismo

Eis, por outro lado, o que Kardec mesmo publicou sobre o alcance e os objetivos políticos, sociais, do Espiritismo:

“Mas, onde se detém a crença do espiritismo, dir-se-á? Lede, observai, e o sabereis. Toda ciência não se adquire senão com o tempo e o estudo; ora, o espiritismo, que toca às questões mais graves da filosofia, a todos os ramos da ordem social, que abarca a uma só vez o homem físico e o homem moral, é ele mesmo toda uma ciência, toda uma filosofia que não pode mais ser aprendida em algumas horas do que toda outra ciência.” (Allan Kardec, Livro dos Médiuns, Parte I, cap. II, n. 13.)

“Não nos enganemos: o estudo do Espiritismo é imenso, toca a todas as questões da metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre diante de nós.” (Allan Kardec, Livro dos Espíritos, introdução, XIII.)

“Aquele que não conhece do Espiritismo senão o movimento das mesas vê nele apenas um divertimento … e não compreende que esse fenômeno, tão simples e tão vulgar, […] pudesse se prender às mais graves questões da ordem social.” (Allan Kardec, Livro dos Espíritos, Conclusão, I.)

“Os frutos que o homem deve retirar dela [da doutrina espírita] não são somente para a vida futura; ele os gozará sobre a Terra pela transformação que essas novas crenças devem necessariamente operar sobre seu caráter, seus gostos, suas tendências e, por consequência, sobre os hábitos e as relações sociais.” (Allan Kardec, A Gênese, cap. I, n. 62.)

“O Espiritismo […], tocando a todos os ramos da economia social, às quais presta o apoio de suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam. (Allan Kardec, A Gênese, cap. I, 55.)

[Proceder a] uma comunidade de ideias em moral, em política, e sobretudo em religião. Tal será a obra da filosofia nova, o Espiritismo, que vos ensinamos hoje. (Revista Espírita, nov. 1862, “Da origem da linguagem”.)

O Espiritismo é chamado a desempenhar um papel imenso sobre a Terra; é ele que reformará a legislação, tão frequentemente contrária às leis divinas.” (Allan Kardec, Obras Póstumas, Parte II, “Futuro do Espiritismo”.)

“Dia virá em que o espiritismo deverá exercer uma imensa influência sobre a estrutura social.” (Allan Kardec, Revista Espírita, out. 1860, “Banquete oferecido pelos espíritas lioneses”.)

“Que se siga a fileira das consequências forçosas deste único fato: a existência do mundo invisível em torno de nós, e chega-se a uma transformação completa, inevitável, nas ideias, à destruição dos preconceitos e dos abusos que delas decorrem e, por consequência, a uma modificação das relações sociais. Eis aonde chega o Espiritismo. Sua doutrina é o desenvolvimento, a dedução das consequências do fato principal do qual ele acaba de revelar a existência; essas consequências são inumeráveis, porque, cada vez mais de perto, elas tocam a todos os ramos da ordem social, no físico tão bem quanto no moral. É o que compreendem todos os que se deram ao trabalho de estudá-lo seriamente.” (Allan Kardec, Revista Espírita, ago. 1868, “O jornal A Solidariedade”.)

León Denis e Herculano Pires, filósofos espíritas e a doutrina social do Espiritismo

Léon Denis, em consonância com Kardec, afirma:

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência positiva, uma filosofia, uma doutrina social.” (Síntese espiritualista doutrinal e prática, n. 89.)

E traz à reflexão:

Como não perceber que o problema religioso envolve o problema político, econômico, e que toda solução deste último não tem senão o valor de uma hipótese enquanto não se resolver o primeiro?” (Léon Denis, Socialismo e Espiritismo, cap. II, citando E. Quinet.)

O ilustre filósofo espírita brasileiro, J. Herculano Pires, observando bem as orientações presentes na doutrina, escreve decididamente, servindo de modelo aos espíritas:

Criaríamos uma ilusão anti-espírita se acreditássemos na possibilidade dessa abstenção política, alvitrada por alguns confrades, em diversas ocasiões. … Teria [o Reino] de ser um movimento socializante, contrário ao individualismo capitalista. E poderia começar pelo estabelecimento de um sistema cooperativista de natureza cristã, cujas unidades seriam as pedras fundamentais da nova ordem econômica.” (J. Herculano Pires, O sentido da vida, cap. “Sociologia espírita”, p. 78 e 80.)

Posicionamentos políticos, econômicos e sociais de Kardec

Na lista abaixo, temos alguns exemplos de posicionamentos políticos, econômicos e sociais da doutrina, presentes nas obras de Allan Kardec:

  • Escravidão: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 829 a 832.);
  • Emancipação da mulher: a favor (“O livro dos Espíritos”, itens 817 a 822.);
  • Pena de morte: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 760 a 765.);
  • Desigualdade social, privilégios legais: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 705, 711, 717, 793, 806, 888, etc.);
  • Opressão e exploração do trabalho, jornada excessiva: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 682, 684, 707, 807, 862.);
  • Inviolabilidade do direito à propriedade: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 707, 808, 884, 885, 918; Evangelho seg. o Espir., cap. XVI, n. 9, etc.);
  • Previdência, seguridade social, economia coletiva: a favor (“O livro dos Espíritos”, itens 685, 704, 793, 881, 888, 916, 930; O que é o Espiritismo, cap. II, n. 100, etc.);
  • Racismo, preconceitos: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 799; “A Gênese”, cap. I, n. 36; “Revue Spirite”, out. 1861, “Discurso…”; jun. 1867, “Emancipação…”.);
  • Educação universal: a favor (“O livro dos Espíritos”, itens 685, 796, 813, 872, 889, 914, 917.);
  • Guerra: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 743, 745.);
  • Tortura, crueldade: contra (“O livro dos Espíritos”, itens 752, 763, 1009 § 5º.);
  • Tolerância religiosa: a favor (“A Gênese”, cap. I, nº 24; cap. XVII , nº 30, 31; cap. XVIII, n. 23-32.);
  • Barreiras nacionalistas: contra (“A Gênese”, cap. XVII, nº 32; cap. XVIII, nº 19, 21.);
  • Progresso social, melhoria das leis e instituições: a favor (“O livro dos Espíritos”, itens 776 a 802, 894, 914, 917; “O evangelho segundo o Espiritismo”, cap. I, 8, cap. III, cap. V, 20; “A Gênese”, cap. XVII, 56; cap. XVIII; “Obras Póstumas”, Parte II, “Futuro do Espiritismo”, etc.)

E a lista se seguiria com ainda muitos outros assuntos; obviamente, não pretendemos esgotar os temas e posicionamentos sociopolíticos da doutrina aqui, mas permitir ver que estão muito presentes nela.

Assim, devemos recordar que somente a “política partidária” era evitada e não a filosofia política, teórica; esta, aliás, com todos os seus temas, mostra-se sempre presente nas obras fundamentais.

A filosofia política, teórica, com todos os seus temas, mostra-se sempre presente nas obras fundamentais do Espiritismo.

O contexto sociopolítico do Século XIX

É necessário observar que toda a produção das obras de Kardec se deu durante a ditadura de Napoleão III (que durou de 1852 a 1870), autoproclamado imperador da França. Esse ditador impôs um controle ideológico rigoroso, com a prática da espionagem, da qual os grupos espíritas não estavam imunes. O alvará de funcionamento da Sociedade Espírita de Paris, por exemplo, em sua fundação, precisou ser aprovado pela Prefeitura de Polícia e pelo Ministério da Segurança Geral (“O livro dos Médiuns”, cap. XXX). Noutros países, como a Espanha, havia situação semelhante, conforme se vê em apontamentos espalhados nos volumes da Revista. Portanto, num ambiente repressivo, certas restrições prudenciais por parte das instituições que propagavam ideias, inclusive entre as espíritas, foram necessárias para garantir a existência e continuidade dos trabalhos; o que é diferente, em ambiente mais democrático [8].

O conselho kardeciano e os adversários do Espiritismo

Explicitamente se vê que aquele conselho de Kardec visava, em realidade, barrar uma tática dos adversários do Espiritismo”, que tinha por objetivo indispor os grupos espíritas com as autoridades ditatoriais, que poderia levar à suspensão da autorização dos grupos e, consequentemente, comprometer a propagação da doutrina. Kardec alertava os espíritas, não a se isentarem absolutamente, mas a não caírem nessa armadilha propositalmente armada contra eles; tática essa, aliás, idêntica à dos adversários de Jesus na Antiguidade.

Afinal, o que são “questões irritantes”, para Kardec? Vemos um exemplo em “O evangelho segundo o Espiritismo”, cap. IX, nº 6: Kardec, aí, diz literalmente que “questão irritante” é a que constitui “uma armadilha”. De fato, ele chama assim as questões capciosas feitas pelos fariseus para apanhar Jesus, visando incriminá-lo perante as autoridades intolerantes romanas e farisaicas. Era algo parecido que vinha acontecendo ao tempo de Kardec.

Desse modo, entende-se facilmente que as “questões irritantes” interditadas, bem como sobre temas de “política” ou “religião”, não eram as perguntas sinceras sobre o assunto, mas aquelas que serviriam de armadilha para incriminar pessoas ou grupos espíritas junto às autoridades intransigentes, autoridades essas que eram tanto políticas (da ditadura) quanto religiosas (da Igreja). Em resumo, tais questões eram postas pelos adversários espíritas a fim de “despertar as suscetibilidades suspeitosas” dos censores, para cassação das autorizações das instituições espíritas na vigência do autoritarismo; e Kardec apenas diz que os espíritas precisariam, naquelas circunstâncias ameaçadoras, identificar esses casos e sensatamente evitá-los.

Porém, não obstante a interdição dos temas em conversas ou discussões dentro das reuniões, por essas razões evidentemente circunstanciais, constata-se que as obras espíritas em si (livros e artigos de Kardec) não sofreram interdição – quando muito, uma atenuação de linguagem para evitar efeitos persecutórios – e todos esses assuntos estão presentes nelas, prudentemente, em profusão e profundidade.

As orientações kardecianas e o locus das reuniões das sociedades espíritas

Dessa forma, ainda que quiséssemos desconsiderar tudo isso, tratando aquelas poucas observações de Kardec fora do seu contexto histórico (como é de praxe entre os conservadores), constata-se que elas, ainda assim, eram unicamente referentes às “reuniões”, as quais eram sabidamente de natureza mediúnica. Ademais, tais observações se restringiam, nessas reuniões, à discussão dos participantes entre si, visto que, bem diferentemente, as perguntas dirigidas aos Espíritos e os escritos do próprio Kardec versavam abertamente sobre assuntos políticos. Portanto, mesmo com essa interpretação deturpada e proibitiva dos dizeres de Kardec – obviamente abusiva –, não haveria motivo para o espírita evitar falar de política ou controvérsia religiosa em outras situações que não nessas reuniões mediúnicas: como em palestras, estudos doutrinários, conferências, congressos, programas, lives, obras, revistas, jornais, conversas, etc. De fato, importa que se fale mesmo, para não mutilarmos parte essencial da doutrina.

E quanto à tal “controvérsia religiosa”, igualmente interditada na Sociedade Espírita de Paris? Ela também está abertamente presente em muitos escritos de Kardec, por exemplo, em “O que é o Espiritismo” (no “diálogo com o padre”) e em todo o livro “O Céu e o Inferno”!

Algumas décadas depois da morte de Kardec, Cairbar Schutel e Carlos Imbassahy, no Brasil, fariam verdadeiros debates religiosos em jornais e livros, contra os padres e pastores adversários do Espiritismo. Estariam esses grandes espíritas infringindo as “recomendações” de Kardec, ao fazerem isso? Não, decerto! Eles compreenderam a fala de Kardec como ela é – repetimos: uma advertência contra a tática dos adversários do espiritismo, de incitar o espírita a se indispor ingenuamente, por palavras e atos desmedidos, contra poderosos prontos a prendê-los e persegui-los – e não como uma proibição aos próprios espíritas ou aos assuntos filosóficos em si, principalmente num ambiente mais democrático e livre de tais abusos de poder.

Da mesma forma, também são inúmeras as obras espíritas de filosofia social ou política já escritas e que em nada contrariam o que diz Kardec, desde que, não entrando em campanhas de legendas político-partidárias, apenas desenvolvem o que já se encontra na codificação (colocamos alguns desses títulos ao final do texto).

As reformas sociais

Quanto a Kardec dizer: “quando os homens forem melhores, as reformas sociais verdadeiramente úteis serão disso a consequência toda natural”, isso de modo nenhum deve ser entendido como se as reformas sociais fossem decorrer automaticamente da melhoria de cada um de nós. Reformar a sociedade, isto é, suas leis, suas instituições, sua organização em geral, implica necessariamente envidarmos esforços para isso. Leis, instituições, não mudam sozinhas. Tornassem-se os homens melhores, chegando mesmo a ser todos puros como Jesus, as leis permaneceriam as mesmas, até que esses “Cristos” se dispusessem a modificá-las; ademais, essa reforma legal, institucional, é uma missão que cabe ao encarnado (Allan Kardec, “O livro dos Espíritos”, itens 521, 573). Podemos conceder que a melhoria dos indivíduos facilitaria a mudança das leis e instituições, isto é, as reformas sociais, mas não é menos necessário que eles o façam. O que Kardec diz aqui, portanto, é que, na medida em que os homens se melhoram, vão naturalmente se importando e se movendo para reformar as leis e instituições da sociedade. Contando, inclusive, com a influência do meio melhorado para a melhoria do próprio indivíduo.

Infelizmente, deparamo-nos com um quadro lamentável, pois os homens considerados “melhores” individualmente não esclarecem seus ouvintes nem se movem no sentido da reforma da sociedade, o que parece frustrar a própria afirmação de Kardec de que o fariam “naturalmente”. Digo “parece frustrar”, porque, com efeito, a disposição de se esforçar para melhorar a sociedade é, em si mesma, um fator indispensável ao adiantamento espiritual. Assim, indivíduos considerados elevados, mas preocupados unicamente com a própria iluminação e indiferentes ao meio social, que não promovem as reformas sociais como “consequência toda natural” de seu suposto adiantamento, seriam, de fato, superiores como se pensa?…

Por fim, a afirmação de que devemos “deixar a Deus” o fazer as coisas acontecerem não significa, de modo algum, inação de nossa parte: antes, a melhoria da sociedade também decorre do livre-arbítrio [9], e este foi dado por Deus, que age através dos seus instrumentos humanos [10]. Portanto, Deus conta com nossa disposição para realizar seus desígnios, sem o quê cairíamos num fatalismo ou num determinismo – esperando datas marcadas –, contrário ao ensinamento espírita.

 Essas razões bastam para entendermos melhor esses conselhos e interdições de Kardec, tão mal aplicados e interpretados hoje, mostrando quão descabido é pretender usá-los para “vetar” qualquer pensamento filosófico político ou social no Espiritismo.

Efetivamente, não se pode pôr limites à filosofia espírita, que advoga a infinitude de sua própria abrangência: “O Espiritismo, revelando ao homem a economia de sua organização, iniciando-o no conhecimento de seus destinos, abre um campo imenso às suas meditações. Assim, o filósofo espírita, chamado a levar suas investigações a esses novos e esplêndidos horizontes, não tem por limites senão o infinito”. (Allan Kardec, “Revue Spirite”, nov. 1867, Notícias bibliográficas, “A Razão do Espiritismo, por Michel Bonnamy”.)

Notas do Autor:

[1] Conforme mostrado nas obras de Gélio Lacerda da Silva, J. Herculano Pires e Sérgio F. Aleixo, citadas abaixo entre outros valiosos pesquisadores espíritas.

[2] “Maior ainda era a diferença entre esse corpo [fluídico] de Jesus e os vossos corpos de lama. […] Não o esqueçais: todo aquele que reveste a carne e sofre, como vós, a encarnação material humana é falível. Jesus era demasiadamente puro para vestir a libré do culpado.” (J. B. Roustaing, Os quatro evangelhos, 5.ed., FEB, 1971, vol. 1, n. 14.) “Qualquer que seja a causa da queda, orgulho, inveja ou ateísmo, os que caem, tornando-se por isso Espíritos de trevas, são precipitados nos tenebrosos lugares da encarnação humana, conforme ao grau de culpabilidade, nas condições impostas pela necessidade de expiar e progredir.” (Idem, n. 57.) “A encarnação humana não é uma necessidade, é um castigo”. (Id., n. 59.)

[3] “Para melhor ludibriarem, os Espíritos que se comunicaram com Roustaing, através de uma só médium, Émilie Collignon, valeram-se, em seus ditados, de nomes venerados: os apóstolos de Jesus, Moisés, etc.” (Sérgio F. Aleixo, O primado de Kardec, prefácio de Artur Felipe de A. Ferreira, p. 10.) “[…] Ensinos confusos de espíritos enganadores, que se comunicaram num mesmo lugar e por uma única médium – Bordéus, de dezembro de 1861 a maio de 1865.” (Idem, cap. 5, p. 43.) Sem qualquer exame ou controle exigido pelo Espiritismo, foi tudo isso cegamente aceito, por muitos, como uma “Revelação da revelação”, como se lê na própria obra: “Os Espíritos do Senhor vêm trazer aos homens a nova revelação, a que podeis chamar, como já vos dissemos, ‘revelação da revelação’.” (J. B. Roustaing, Os quatro evangelhos, n. 77.)

[4] Isencionismo que, no Brasil, vestiu-se de uma hipocrisia gritante, visto que, apesar de o movimento espírita se pretender “neutro” ou “isento”, adota obras rustenistas conservadoras – como, p. ex., Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho, ditada ao médium F. C. Xavier, claramente partidária a respeito dos fatos históricos mais controversos do país (em narrações nada fidedignas, diga-se de passagem) e descaradamente voltada para a direita política, enaltecendo o “capitalismo” (vide seu capítulo final). É assim que o conservador se pretende “isento”… Indo, certamente, contra as posições e explicações racionais, progressistas, socialistas e fiéis à doutrina, trazidas por Léon Denis, M. Lachâtre, Cosme Mariño, Cairbar Schutel, J. Herculano Pires, etc.

[5] “As comunicações dos Espíritos são opiniões pessoais que não devem ser aceitas cegamente. O homem não deve, em nenhuma circunstância, fazer abnegação de seu julgamento e de seu livre arbítrio. Seria dar prova de ignorância e de leviandade aceitar como verdades absolutas tudo o que vem dos Espíritos; eles dizem o que sabem; cabe a nós submeter seus ensinamentos ao controle da lógica e da razão.” (Allan Kardec, Revista Espírita, abr. 1869, “Profissão de fé espírita americana”.)

[6] Como explica o filósofo político Norberto Bobbio: O termo política é “derivado do adjetivo originado de “pólis” (“politikós”), que significa tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social. […] A esfera da política, entendida como esfera do que diz respeito à vida da pólis, compreende toda a sorte de relações sociais, tanto que o ‘político’ vem a coincidir com o ‘social’.” (N. Bobbio, Dicionário de política, Ed. UnB, verbete “Política”, p. 1185, 1191.)

[7] O próprio Kardec admite isso. Por exemplo, a respeito de um incendiário noticiado nos jornais, ele manifesta que a questão moral é inseparável da social: “Ela [essa questão] toca a todas as questões de educação e de moralização da humanidade e, por isso mesmo, aos mais graves problemas de economia social.” (Allan Kardec, Revista Espírita, jun. 1866, “Estudo moral”.)

[8] Parece que Kardec acompanhou a postura do antigo profeta Amós, cientemente ou não. Com efeito, esse importante profeta, considerado subversivo por suas admoestações, escreveu: “Eles hostilizam o justo, aceitam suborno, e repelem os indigentes à porta. Por isso o sábio se cala neste tempo, porque é tempo de desgraça.” (Amós 5:12-13.) Devido às pregações de Amós, a perseguição religiosa e política lhe veio ao encalço, proibindo-o de fazer suas denúncias proféticas (Amós 7:10-13). Porém, mesmo com essa proibição, decorrente do severo controle ideológico, o profeta não deixou de dizer o que era preciso a respeito do notável afastamento entre o ideal social e o real, respondendo de imediato: “Amós respondeu e disse a Amasias: […] E agora ouve a palavra de Iahweh: Tu dizes: ‘Não profetizarás contra Israel, e não vaticinarás contra a casa de Isaac’. […] Ouve isto, vós que esmagaste o indigente e quereis eliminar os pobres da terra, vós que dizeis: ‘Quando passará a lua nova […], para falsificarmos as balanças enganadoras, para comprarmos o fraco com dinheiro e o indigente por um par de sandálias e para vendermos o resto do trigo?’ Iahweh jurou pelo orgulho de Jacó: Não esquecerei jamais nenhuma de suas ações. Não tremerá por causa disso a terra?” (Amós 7:14-17, 8:4-8; Bíblia de Jerusalém.) Mais tarde, mesmo Jesus fez críticas às políticas de seu tempo: ele tomou para si a causa dos necessitados (Mateus 25:35-45), chamou Herodes de “aquela raposa” (Lucas 13:32) e acusou os herodianos – funcionários do Império – e fariseus de “hipócritas” (Mateus 22:16-18), lançou as bases do Reino de partilha e fraternidade, em todos os seus ensinos, condenando as cidades que não aderiam a tal projeto (Lucas 10:11-15), e criticou duramente a opressão do “bestial” Império Romano (por via mediúnica a João, Apocalipse 1:1 e caps. 12, 13, 17, 18, 19 etc.).

Assim, também, as obras de Kardec, solicitando em poucas passagens a prudência contra os perseguidores, naquele ditatorial “tempo de desgraça”, não deixam de conter críticas aos poderes estabelecidos, políticos e econômicos, como se lê, por exemplo: “Os governos, minados por princípios egoístas, pensam em se escorar contra a onda que sobe, e essa onda é a consciência humana que se insurge, enfim, após séculos de espera, contra a minoria que explora as forças vivas das nacionalidades.” (Obras póstumas, Parte 2, “Precursores da tempestade”, § 5.) Nelas, expõe-se a negligência do mundo com os necessitados: “Um mundo fútil e egoísta, que não tem boa vontade senão para aqueles a quem nada falta, e vos volta as costas, desde que tendes necessidades dele.” (Livro dos Espíritos, nº 947.) Há a denúncia da acumulação econômica, geradora das fortunas de um lado e pobreza, do outro: “Que pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionar o supérfluo em prejuízo daqueles a quem falta o necessário? ‘Desprezam a lei de Deus e responderão pelas privações que tiverem feito sofrer.’” (Livro dos Espíritos, nº 717.) Desmascaram-se os legisladores atuais: “… leis feitas pelo forte, em prejuízo do fraco.” (Livro dos Espíritos, nº 781.); “no estado atual das coisas, os maus estão em maioria e ditam a lei aos bons.” (Obras póstumas, 1ª parte, “As aristocracias”.) Há repreensão à própria organização social: “Vossas sociedades, tais como estão organizadas, são perfeitas? Tendes vossos párias aos milhões; a miséria enche sem cessar vossas prisões, vossos lupanares, e abastece o cadafalso.” (Obras póstumas, Parte 2, “Precursores da tempestade”, § 5.) Entre inumeráveis outras passagens. A crítica política, social, econômica, sempre esteve presente nas obras de Kardec. Mantendo a prudência no comportamento público (evitando declarar-se explicitamente subversivo, embora suas ideias e a doutrina espírita implicitamente o fossem), nelas estão registradas denúncias com a mesma coragem dos antigos profetas!

[9] “A humanidade é um ser coletivo em quem se operam as mesmas revoluções morais que em cada ser individual.” (Allan Kardec, A Gênese, cap. XVIII, nº 12.) “As nações, como os governos, têm seu livre arbítrio; como as simples individualidades, elas sabem se dirigir pelo amor, pela união, pela concórdia.” (Allan Kardec, Obras Póstumas, Parte II, “Precursores da tempestade”.)

[10] “As criaturas de Deus são os instrumentos dos quais ele se serve para chegar aos seus fins.” (Allan Kardec, Livro dos Espíritos, nº 728.) “De tempos a tempos, surgem entre eles homens de gênio que dão um ímpeto, depois homens tendo autoridade, instrumentos de Deus, que em alguns anos fazem-na [a humanidade] avançar de muitos séculos.” (Allan Kardec, Livro dos Espíritos, nº 789.)

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 Apêndice:

Algumas obras, clássicas e modernas, que tratam dos temas políticos e sociais espíritas:

Aleixo, S. F. (2019). “Que Espiritismo é o nosso?”: ensaios da hora extrema. V. 1. 2. ed. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://sergioaleixo.blogspot.com.br>. 25 mai. 2019. Consulta em: 06 mai. 2021.

Blackwell, A.; Green, G. F. (2022). O efeito provável do espiritualismo sobre a condição social, moral e religiosa da sociedade (1876). Trad. e Notas de Luiz Gustavo Oliveira dos Santos. Limeira: Editora do Conhecimento.

Castro, M. de. (2021). “Igualdade”: ponte para a nova era. Limeira: Editora do Conhecimento.

Colombo, C. B. (2014). “Ideias sociais espíritas”. São Paulo: Comenius.

Denis, L. O progresso (1880). 2.ed. Trad. José Jorge. Rio de Janeiro: Celd, 2005.

Denis, L. Por que a vida? (1885). Trad. Luiz Gustavo Oliveira dos Santos. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2022.

Denis, L. Síntese espiritualista doutrinal e prática (1920). Trad. Luiz Gustavo Oliveira dos Santos. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2021.

Denis, L. Socialismo e espiritismo (1924). Trad. Luiz Gustavo Oliveira dos Santos. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2018.

Incontri, D. Para entender Allan Kardec. Bragança Paulista, SP: Lachâtre, 2004.

Incontri, D.; Pinto, S. M. (Org.) Espiritismo, sociedade e política: projetos de transformação. Bragança Paulista, SP: Comenius, 2021.

Júnior, A. Espiritismo, educação, gênero e sexualidades: um diálogo com as questões sociais. Recife: CBA Editora, 2022.

Lachâtre, M. O espiritismo, uma nova filosofia (1880). Trad. Irene Goodjes. Bragança Paulista, SP: Lachâtre, 2014.

Lobo, N. Estudos de filosofia social espírita. 2.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.

Mariño, C. Conceito espírita do socialismo (1913). Trad. Luiz Gustavo Oliveira dos Santos. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2022.

Mariotti, H. Dialética e metapsíquica. Trad. Júlio Abreu Filho. Prefácio de J. Herculano Pires. São Paulo: Édipo, 1950.

Mariotti, H. O homem e a sociedade numa nova civilização: do materialismo histórico a uma dialética do espírito. Trad. J. L. Ovando. Prefácio de J. Herculano Pires. São Paulo: Edicel, 1967.

Monroe, J. W. A travessia: Allan Kardec e a transnacionalização do espiritualismo moderno. Trad. Swami Villela, Vital Cruvinel. São Vicente, SP: Pense, 2014.

Paiva, A. O espiritismo e a política para a nova sociedade: reflexão e ação para espiritualizar o social. 4.ed. Lins, SP: Dicesp, 1996.

Pinheiro, L. G. Espiritismo e justiça social. 2.ed. Capivari, SP: Editora EME, 2004.

Pires, J. H. O reino: sugestões para a organização de um movimento cristão de reforma social, sem caráter sectário ou partidário. São Paulo: Empresa Gráfica da “Revista dos Tribunais” Ltda., 1946.

Pires, J. H. O reino. 5.ed. São Paulo: Paideia, 2002.

Pires, J. H. O sentido da vida. São Paulo: Paideia, 2005.

Porteiro, M. S. Conceito de sociologia espírita. Trad. José Rodrigues. São Vicente, SP: Pense, 2008.

Porteiro, M. S. Espiritismo dialético. Trad. José Rodrigues. São Vicente, SP: Pense, 2000.

Schutel, C. Vida e atos dos apóstolos. 9.ed. Matão, SP: O Clarim, 2001.

Silva, G. L. (1995). “Conscientização Espírita”. Capivari: Opinião E.

Simonetti, R. A constituição divina. 3.ed. Bauru, SP: Ceac, 2001. Capítulo: “Mobilização”.

Villarraga, C. O. A justiça social: visão espírita para a ação social. Araguari, MG: Minas Editora, 2011.

 

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