Museu em Bruxelas traz o “cesto e lápis” para mediunidade como “instrumento sobrenatural”

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Da redação do Portal ECK

O “Museu da História Sobrenatural” se auto intitula uma “sala de curiosidades”, dedicada a revelar relíquias que atravessam “mitos, lendas e superstições da herança humana, desenterrando histórias estranhas” — ou nem tanto, para os que têm alguma afinidade com temáticas espirituais.

Localizado na Bélgica, o museu faz jus a essa definição. Nele, pode ser encontrada uma instalação intitulada “A Última Sessão de Rondini”, com instrumentos usados pelo mágico que foi considerado o maior escapista da Terra. Mas as obras do museu são variadas: jogos de feiticeiros, tábuas de invocação, imagens sacras antigas, peças esotéricas, jogos de mistérios milenares. Tudo bem catalogado, com explicações sobre cada objeto — ou grupo de objetos. Entre eles, uma peça bem conhecida dos espíritas:o cesto com lápis.

Trata-se de um cesto de vime, giratório, com “lápis de ardósia” e “lousa de ardósia”, um instrumento de comunicação muito bem descrito por Allan Kardec em “O livro dos Espíritos, a primeira produção literária kardeciana, e também na obra “O livro dos Médiuns” — também aparecendo nas edições da “Revue Spirite”. Ele é considerado o primeiro instrumento de comunicação com os Espíritos, tendo sido largamente utilizado por grupos mediúnicos no período entre 1853 e 1857.

Foto divulgação “Museu da História Sobrenatural”

Na introdução do livro primeiro, Kardec narra que o cesto surgiu como alternativa à comunicação por meio de batidas do “pé da mesa”, que dizia “sim” ou “não” de acordo com as perguntas, ou, mais adiante, por um código de pancadas, remetia às letras do alfabeto. O mestre de Lyon classificava o método como “incômodo”, além de moroso, porque eram necessárias várias horas para a produção de um texto de modo completo.

“Foi um desses seres invisíveis quem deu conselho de se adaptar um lápis a um cesto ou a outro objeto. Esse cesto, posto sobre uma folha de papel, entra em movimento pelo mesmo poder oculto que faz mover as mesas; mas, em vez de um simples movimento regular, o lápis traça caracteres, formando palavras, frases e discursos inteiros de várias páginas, tratando das mais altas questões de Filosofia, de Moral, de Metafísica, de Psicologia etc., e isto com tanta rapidez como se escrevesse à mão. Esse conselho foi dado simultaneamente na América, França e em diversos países.

Kardec cita literalmente a frase trazida, em 10 de junho de 1853, por um Espírito, a um dos mais fervorosos adeptos da Doutrina que, desde 1849, se ocupava da evocação dos Espíritos:

“Vá buscar no quarto ao lado o pequeno cesto; fixe-o a um lápis, coloque-o sobre um papel e ponha-lhe os dedos sobre a borda.”

O codificador conta que, após os ajustes necessários, o cesto começou a funcionar e o lápis escreveu, muito legivelmente, uma frase de orientação:

“Isto que eu lhes falo, proíbo-vos expressamente de o revelar a qualquer pessoa; a próxima vez que escrever, escreverei melhor.”

Kardec também explica como funcionava o instrumento:

“O cesto ou a prancheta não podem ser postos em movimento senão sob a influência de certas pessoas dotadas de um poder particular que se designa pelo nome de médiuns, ou seja, intermediários entre os Espíritos e os homens.”

Ardósia e afins

Foto divulgação “Museu da História Sobrenatural”

Kardec volta ao assunto em “O livro dos Médiuns”, no capítulo XIII — “Psicografia indireta: cestas e pranchetas. Psicografia direta ou manual”. Nesses trechos, o Codificador detalha, com suas palavras precisas, a complexa “engenharia mediúnica” que, para muitos estudantes do Espiritismo, sempre pareceu difícil de visualizar, apesar de haver desenhos da época. Isto, pelo menos até hoje, quando se tem as fotos do aparelho que está no “Museu da História Sobrenatural”:

“Demos a essa cesta o nome de cesta-pião. Às vezes, a cesta é substituída por uma caixa de papelão, parecida com caixas de pílulas, ou lápis em forma de eixo, como no brinquedo chamado pião.”

Kardec também destaca a utilização da ardósia e do cesto — em “O livro dos Médiuns” e em diversos textos da “Revue Spirite”— e sugere suas substituições:

“Por economia, pode-se substituir a ardósia e o lápis de ardósia por papel e lápis comum. […] Às vezes, a cesta é substituída por uma caixa de papelão, parecida com caixas de pílulas, ou lápis em forma de eixo como no brinquedo chamado pião.”

A história é mesmo surpreendente. Em meio a tantos “objetos lendários esquecidos, enterrados sob a poeira dos anos”, além de bibliotecas ocultas, coleções não tão divinas, reuniões de “magos amaldiçoados e antros de jogos infames” — como o próprio site do museu diz — voluntária ou involuntariamente encontraram e preservaram o cesto que faz parte da história do espiritualismo e do próprio Espiritismo.

A coleção está situada em Bruxelas, no centro da Europa. O local é pequeno, podendo “acomodar um número reduzido de visitantes para diversas atividades — desde uma simples visita para um ou dois convidados, até uma festa privada, um momento único e íntimo. (máximo de 6 pessoas)”.

Site do Museu:
https://www.surnateum.com

Fotos divulgação “Museu da História Sobrenatural”

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Postagem efetuada por membro do Conselho Editorial do ECK.

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