Por Redação do Portal ECK
Faleceu ontem em Salvador (BA), aos 98 anos, o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco. Considerado por muitos como o sucessor de Chico Xavier, essa definição, no entanto, sempre gerou debates, levando em conta as trajetórias e atitudes distintas de cada personalidade diante e “em nome” do Espiritismo.
Divaldo Franco adotou em toda a sua vida o que se convencionou chamar de Espiritismo cristianizado, com viés religioso — predominante no Brasil —, relegando a segundo plano qualquer abordagem mais aprofundada do conhecimento espírita, por intermédio da ciência e da filosofia espíritas.
Acerca do passamento, o presidente da FEB (Federação Espírita Brasileira), Jorge Godinho, assim se manifestou no site da entidade sobre o falecimento:
“Lembrarmos de nosso querido amigo, mas não esquecermos que a libertação se fez. Enquanto aqui ficamos saudosos, imaginamos a festa no Plano Espiritual com a sua chegada depois de uma existência exitosa, completista, deixando esse imenso legado para a humanidade.”
O professor Marco Milani também comentou sobre a partida do médium, em uma postagem em seu blog:
“O verdadeiro tributo que se pode prestar a ele não está em santificá-lo, mas em compreender que sua trajetória, com méritos e limites, pertence a uma etapa do Espiritismo que cumpriu seu papel e agora cede lugar a novos desafios. A maturidade do movimento se mede pela capacidade de honrar seus nomes sem os canonizar, de acolher a emoção da partida sem se afastar da razão crítica.”
Apesar de sua expressiva dedicação ao chamado “movimento espírita” — isto é, o componente humano, com todas as idiossincrasias e opiniões pertinentes, constituído pelas ações de pessoas e de instituições —, Divaldo Franco, desde os anos 1990, acabou se envolvendo em polêmicas de ordem política e, como tal, expressou suas ideias pessoais, com a liberdade de expressão que caracteriza a contemporaneidade democrática, as quais causaram estranhamento por estarem frequentemente desconectadas da realidade noticiosa e, em alguns casos, desalinhadas com os princípios de fraternidade e universalismo, que ele mesmo pregava.
História
Divaldo Franco nasceu em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, na Bahia. Ao longo de sua vida, proferiu milhares de conferências espíritas em cidades e países ao redor do mundo — algumas com duração de cinco a seis horas.
Na área editorial, teve 260 obras publicadas, muitas delas assinadas por mais de 200 autores espirituais, cobrindo diversos temas e gêneros literários. Alguns de seus livros foram, também, traduzidos para 17 idiomas.
Fundou, ao lado de Nilson de Souza Pereira (falecido em 2013), o Centro Espírita Caminho da Redenção (1947) e, posteriormente, a Mansão do Caminho (1952), tendo esta última se tornado um complexo educacional e socioassistencial, composto por 44 edificações e atendendo, diariamente, mais de 5 mil pessoas — entre crianças, jovens, adultos e idosos — necessitadas de auxílio material, educacional e espiritual.
Imagem FEB, divulgação