Liberdade condicionada, por Waldomiro Sarczuk (in memoriam)

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Waldomiro Sarczuk (in memoriam)

Na criação do Universo foi estabelecida uma lei soberana e justa, que regula a movimentação dos mundos e a existência dos seres, dos ínfimos aos mais adiantados, e a ela estamos todos subordinados. O certo seria uma subordinação consciente, entendendo o que desejamos, da sua conveniência ou não, e nos esforçando para que o resultado seja satisfatório. Para isso é essencial o estudo, sabermos o que somos, por que aqui nos encontramos e para onde estamos sendo orientados.

O anseio à liberdade é natural no homem e por ela se bate em proclamações cívicas ou tumultuadas revoltas, onde acaba prevalecendo a tirania, de difícil extirpação. Normalmente se insurge contra qualquer cerceamento aos seus atos e mesmo aos seus desejos, alegando que tem o direito de fazer o que quer.

Liberdade pressupõe a inexistência de cercas ao nosso redor, e isso é uma irrealidade pois, vivendo em comunidade, somos naturalmente levados a estabelecer regras de convivência para que se torne normal e produtiva. Acresce ainda estarmos sujeitos às leis naturais que regem o comportamento dos seres e dos mundos. Conhecendo a lei da gravidade, acautelamo-nos quanto a possíveis quedas ou de sermos atingidos por objetos caindo; sabendo dos resultados benéficos ou não dos alimentos ingeridos, damos preferência aos saudáveis; evitando atritos, optamos pela política de boa vizinhança e, prevendo os futuros dias de incapacidade física, tratamos de amealhar recursos. A tudo isso nos devemos submeter, mas o fazemos conscientemente por saber da importância que para nós representa.

A maior redução à liberdade nós mesmos provocamos criando cercas ao nosso redor. Hábitos se tornando escravizantes, fiel seguimento aos modismos e ideologias em constante mutação, voluntária adesão às normas e aos preceitos estabelecidos por orientadores religiosos, políticos ou inovadores de costumes, culto fanático a entidades tidas como santificadas ou a representantes da arte cênica, cinematográfica, pictórica ou aos momentâneos astros da música popular, tiram-nos a liberdade de pensar e agir, tornando-nos escravos de princípios por outrem estabelecidos. Eventualmente poderemos nos libertar de alguns deles, mas fatalmente nos submeteremos a outros, por não nos termos habituado a nos orientar pelo bom senso e pela razão.

Na criação do Universo foi estabelecida uma lei soberana e justa, que regula a movimentação dos mundos e a existência dos seres, dos ínfimos aos mais adiantados, e a ela estamos todos subordinados, os primeiros de forma instintiva. No homem, já com a capacidade de raciocinar, ela se faz optativa, e normalmente o fazemos de maneira errada. O certo seria uma subordinação consciente, entendendo o que desejamos, da sua conveniência ou não, e nos esforçando para que o resultado seja satisfatório. Para isso é essencial o estudo, sabermos o que somos, por que aqui nos encontramos e para onde estamos sendo orientados.

Importante é o relacionamento com a comunidade, da qual não somos independentes e nem dela podemos nos isolar. Reconhecendo a igualdade dos direitos e deveres, haveremos de “dar aos outros o que gostaríamos de receber”; aspirando uma coexistência harmoniosa seremos francos e positivos, “seja o vosso falar sim, sim e não, não”; precisando de colaboração a buscaremos com um irmão, “pedi e obtereis”; e, encontrando alguém necessitado, solicitamente o acudiremos, “dando sem olhar a quem”; sendo injuriados relevaremos a ofensa por sabermos também sermos devedores, “Pai, perdoa-me, assim, como perdoo aos que me ofenderam”, e, em qualquer situação penosa, sem solução imediata, “faça-se a Tua vontade e não a minha”.

Como vemos, nas citações evangélicas temos um roteiro ideal para o modo de nos comportarmos para melhor encaminhamento na vida e, reconhecendo ser este um dos sucessivos estágios a nós concedidos para a evolução espiritual, a ele nos adequaremos, subordinados às leis, mas com plena liberdade de nos autodirigirmos utilizando a dádiva do livre-arbítrio concedida. Uma graça merecendo ser apreciada e uma oportunidade precisando ser aproveitada.

Imagem Cdd20-por-Pixabay

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